O que impactará a mineração nos próximos 18 meses?
De acordo com o estudo “Tracking the Trends 2023”, desenvolvido pela Deloitte, as questões mais críticas para a mineração nos próximos a 18 meses, são como garantir maior segurança nas cadeias de suprimentos – mitigando riscos de interrupção – e a redefinição de métodos de atração, qualificação e retenção de talentos.
No Brasil, segundo a consultoria, a indústria tem desafios adicionais, como os entraves na infraestrutura que continuam a prejudicar o setor na parte logística e, na questão sobre mão-de-obra, existe uma falta de interesse de profissionais por causa dos desastres ambientais em Minas Gerais. “Fatores significativos têm aumentado os desafios na busca por novos talentos na indústria de mineração. De um lado, muitos trabalhadores do setor devem se aposentar na próxima década. De outro, há a necessidade de requalificar profissionais, considerando que a indústria mineral vem se digitalizando enquanto caminha para a transição energética. No Brasil, pode-se ressaltar, ainda, o impacto negativo que desastres ambientais tiveram na atratividade de profissionais. Neste contexto, será importante que as empresas revejam seus modelos de captação, qualificação e retenção de talentos”, afirma Patrícia Muricy, sócia-líder da indústria de Mineração da Deloitte.
Para ela, a urgência para construir cadeias de suprimentos tem exigido ações em diversas indústrias, globalmente, de modo a garantir os ciclos de fornecimento de matérias-primas e fontes de energia. Os riscos de interrupção são cada vez mais sistêmicos, inesperados e duradores, desde a pandemia da COVID-19 às ameaças de suspensão no fornecimento de gás e energia na Europa após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em 2021, o Brasil enfrentou uma crise hídrica, que resultou em outra crise, a energética. “E para completar o quadro vemos o risco reputacional e de direitos humanos crescendo exponencialmente”, aponta Patrícia.
Para dirimir a exposição a crises diversas, as empresas do setor de mineração têm buscado identificá-las com antecedência, aplicando recursos de inteligência artificial na análise de riscos, como os cibernéticos, reputacionais, geopolíticos e pandêmicos. No passado, esses processos se concentravam no perímetro operacional dos negócios. Agora, há um esforço para incorporar medidas de segurança em toda a cadeia. No Brasil, não é diferente. “As organizações do setor dependem do decorrer seguro e previsível dos ciclos logísticos e de fornecimento, seja na produção e infraestrutura de processamento, seja nas operações diárias. A interdependência torna a segurança da cadeia de suprimentos um imperativo para esses negócios, globalmente conectados. Espera-se que o grau de interrupções dos últimos três anos se mantenha, se não aumente. Por isso, as abordagens como as ‘Avaliações eficazes de gerenciamento de riscos de terceiros’ [TPRM, na sigla em inglês] são mais críticas agora do que nunca”, avalia Patrícia Muricy. Ainda segundo a especialista, “as avaliações TPRM, verdadeiramente eficazes, precisarão levar em consideração fatores de risco estratégicos mais amplos, associados à realização de negócios com terceiros, e, também, impactos potenciais na marca e reputação da empresa, além das ameaças cibernéticas e exposições de segurança que poderiam ser introduzidas”.
A executiva diz que as empresas brasileiras têm investido na verticalização, como a autoprodução em termos de energia, que permite benefícios como o alcance de metas de redução de emissões. A iniciativa aumenta a segurança das operações, ao deixá-las menos expostas aos sistemas externos.
As oito demais tendências mencionadas no “Tracking the Trends 2023” englobam temas como: meio ambiente e capital natural; economia circular; descarbonização do setor; inovação; excelência operacional; segurança no ambiente de trabalho; transparência e confiança; e cloud.