Exportações batem recorde em 2023 e superam 800 mil t
Segundo números do Ministério da Economia, Secex, as exportações de sucatas ferrosas somaram o volume recorde de 800.006 toneladas em 2023, um aumento de 116,6% em relação às 369.305 toneladas vendidas no exterior em 2022. As vendas externas foram as maiores do setor na série histórica desde 1997. Em 2020, as exportações alcançaram 731 mil toneladas, segundo maior volume em um ano. Em dezembro de 2023, as exportações alcançaram 64.758 toneladas, crescimento de 200,46% em comparação ao mesmo mês do ano de 2022, com 21.553 toneladas.
Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), diz que o forte aumento das exportações em 2023 é decorrente do cenário interno ruim, com baixa demanda por parte das usinas siderúrgicas e importações de aço da China e Turquia. “As exportações de volumes excedentes foram a única alternativa viável para manter a subsistência do ciclo da reciclagem e as operações das empresas recicladoras, além do sustento de mais de 5 milhões de pessoas que vivem dessa atividade”, afirma Alvarenga. “A economia vem reagindo lentamente e há um baixo consumo de aço da indústria automobilística e construção civil (potenciais consumidores)”, diz Alvarenga. Além disso, a entrada do aço chinês no Brasil, com incentivos de ICMS, está prejudicando a reciclagem.
Apesar do cenário ruim no mercado interno, o Governo e boa parte de representantes brasileiros tem deixado de atender aos pleitos de associações de classes para incremento da reciclagem, mesmo estando comprovado ser essencial essa atividade ao meio ambiente, à sociedade e ao país. O texto da reforma tributária, a PEC/45-2019, ao voltar para análise da Câmara dos Deputados, retirou, sem explicação, a instituição de um regime específico de tributação aos bens e serviços relacionados à economia circular e a reciclagem (a ser estabelecido por Lei Complementar), visando à sustentabilidade com a conservação de recursos naturais. Com isso, a reciclagem sofrerá aumento da tributação. A manutenção do regime específico seria uma forma de incentivo à economia circular e a reciclagem de materiais, pauta em destaque mundial. “Faltou sensibilidade dos parlamentares ao menosprezar um setor essencial na economia circular e preservação do meio ambiente”, afirma Alvarenga.