Com público recorde, XI Simexmin discute oportunidades para o Brasil
A transição energética para fazer frente às mudanças climáticas representa uma oportunidade para o Brasil, que tem todas as condições de ser um supridor mundial de minerais considerados críticos para alguns países. Esta foi a tônica da cerimônia de abertura do XI Simexmin, que acontece em Ouro Preto (MG) e que vai até o dia 22 de maio. Reunindo um público recorde de mais de 1.400 inscritos, o evento, organizado pela Adimb (Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro), contou também com 62 estandes de empresas fornecedoras de equipamentos e serviços para o setor e 15 patrocinadores.
Marcos André Gonçalves, presidente do Conselho Diretor da Adimb, assinalou que o Simexmin está se internacionalizando, já que contou com a participação de representantes de vários países e disse que o Brasil pode ampliar a produção de minerais essenciais para a transição energética e que deve fazer isso com responsabilidade, “distribuindo os benefícios para o conjunto da sociedade”.
Rodrigo Cota, representando a SGM do Ministério de Minas e Energia, afirmou que na década de 1990 o Brasil se beneficiou da exportação de commodities minerais para suprir a China e que agora pode tirar vantagem da exportação dos minerais necessários para a transição energética.
Mauro Souza, diretor geral da ANM, pontuou que o Brasil tem estabilidade política, econômica e regulação para atrair investimentos para a mineração e que a ANM tem procurado estimular o diálogo com o setor mineral e a sociedade. E defendeu maior diversidade na mineração, com maior participação de mulheres, assinalando que não havia nenhuma mulher presente da mesa de abertura.
O presidente do SGB (Serviço Geológico do Brasil), Inacio Melo, afirmou que o organismo está empenhado em ampliar o conhecimento do subsolo brasileiro, com foco nos chamados minerais críticos. Ele também anunciou, na ocasião, o lançamento da Plataforma de Recursos Minerais e do relatório sobre o potencial mineral de Carajás. Disse que está em andamento a consulta pública sobre o Plangeo e chamou atenção para o leilão que o SGB realizará no dia 4 de junho visando transferir à iniciativa privada depósitos de ouro, diamante, fosfato e caulim.
O deputado Zé Silva, que preside a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, disse que a mineração precisa se fazer mais presente no parlamento, que está trabalhando para que o setor conte com um arcabouço legal para que a atividade possa ser exercida de forma sustentável e com responsabilidade, virando a página aberta com acidentes como o de Brumadinho. Ele também defendeu um novo sistema de financiamento à pesquisa mineral, porém não explicitou detalhes da proposta. Ele é um dos defensores de que o título minerário possa ser dado legalmente como garantia nos financiamentos à pesquisa mineral.
François Jubinville, Cônsul Geral do Canadá no Brasil, assinalou que o País é o que tem maior participação na mineração brasileira e que o vínculo entre os dois países deve se ampliar no futuro, com mais empresas canadenses investindo em território brasileiro e ampliando a colaboração em termos econômicos e tecnológicos.
Luís Maurício Azevedo, presidente da ABPM, chamou a atenção para o fato de o Brasil ter hoje mais de 100 empresas de mineração listadas em bolsa, sendo que 50 delas estão na TSX (bolsa canadense) 20 na Austrália e 16 em Londres, embora na B3 (bolsa brasileira) se tenha apenas 5. Ele defende que o Brasil encontre meios para promover a listagem de companhias de mineração em estágio inicial na bolsa brasileira.
Júlio Nery, diretor de Sustentabilidade do Ibram, também defendeu que o Brasil crie condições para promover a listagem na B3 e criticou que a ANM não receba os 7% da CFEM a que tem direito. Para ele, a transição energética abre oportunidade para que o Brasil possa avançar na cadeia de produção dos minerais críticos e pediu mais apoio aos centros de pesquisa como o Cetem, que também não tem recebido os 1,8% da CFEM que deveria
Fechando a cerimônia de abertura, o diretor-executivo da Adimb, Roberto Xavier, disse que o Simexmin é um centro privilegiado de debate sobre a pesquisa mineral e anunciou duas atividades importantes que serão desenvolvidas pela entidade este ano: um MBA em gestão de recursos minerais, em convênio com o Ibmec, e a retomada das expedições internacionais promovidas pela Adimb, que se inicia pela Finlândia.