Como um fundo de investimentos pode contribuir para o desenvolvimento da mineração?

03/04/2023
Coluna de Paulo Castellari-Porchia

 

Nos últimos artigos desta Coluna, me dediquei a falar sobre temas do meu dia a dia que estão muito próximos do meu coração, como ESG, comunicação e retenção de talentos. E isso me fez pensar que não poderia deixar de compartilhar com vocês sobre um modelo de negócio que, a meu ver, faz tudo isso sair do papel. 

Estou falando de um modelo que alia o mercado financeiro com a indústria mineral. Essa associação não é elementar – é muito comum nos depararmos com investidores que requerem retornos atraentes e rápidos, e o negócio de mineração, por definição, não é de curto prazo. Na verdade, esse tópico merece uma conversa mais detalhada, e quem sabe logo teremos algo dessa natureza num próximo artigo dessa coluna.

Mas a verdade é que, para além do timing dos retornos, o mundo do investimento privado e o setor mineral são muito diferentes. Também preciso concordar que a união de ambos gera um paradoxo que não é fácil de se equilibrar, tendo em vista que a velocidade e o dinamismo exigidos por investidores podem ser um desafio e tanto para a mineração.

No entanto, essa junção me fascina, por somar o movimento e a diligência do mercado financeiro com a escala e a complexidade da mineração.  E, por experiência própria, com as doses certas de autonomia e alinhamento, é possível, sim, que esses dois mundos se unam para proporcionar múltiplos benefícios para todas as partes envolvidas. É neste momento que provoco a seguinte reflexão: Como?

O pensamento é simples. Reunir capital em fundos de investimento privado possibilita que tenhamos os recursos necessários para gerar liquidez e agilidade nas operações. A grande sacada é unir essa vantagem a uma gestão robusta, com profissionais com expertise em mineração capazes de unir eficiência, segurança e responsabilidade em sua total potência. Ou seja: é necessário investir em uma carga técnica de excelência para identificar quais são os ativos que podem realmente ser transformados após adicionarmos o nosso conhecimento do setor, nossos processos, nossas pessoas. 

No caso da Appian Capital Brazil, fundo que eu tenho o prazer de liderar desde 2019, nosso negócio se inicia com a identificação de novas oportunidades. Buscamos ativos que sejam escaláveis (com potencial de crescer), com um posicionamento de custo defensivo, isto é, que esteja pronto para variações nos preços das commodities, e que assim apresentem alto potencial para oferecer estabilidade e retorno no longo prazo, ainda que atravessem situações de crise ou incerteza. 

Mas isso eu acredito que é o que todos procuram, certo?! Na minha opinião, a diferença está na gestão desses ativos. Nosso modelo de negócio oferece aos nossos empregados uma oportunidade real de criar e operar dentro dos limites estabelecidos nos nossos valores. Isso atrai um certo tipo de profissional – aquele que está pronto para tomar riscos calculados, aprender e ser remunerado de forma alinhada aos objetivos do negócio. Lamentavelmente, ainda temos muitas situações no mercado onde profissionais não têm nenhum motivo para criar, para ir além e oferecer mais – muitas vezes acontece justamente o contrário: não criar e fazer mais do mesmo é compensado, e assim as organizações estacionam.

Portanto, quando investimos em um ativo, adicionamos valor ao empreendimento não só por meio da nossa expertise técnica, financeira e em desenvolvimento de negócio, mas também com essa autonomia que todos temos aqui dentro para criar o diferente. E a geração de valor é contínua, acontece aos poucos e todos os dias, até chegarmos no momento certo para proporcionar os retornos para os nossos investidores.  

Como eu estava dizendo no início, esse modelo nos possibilita tirar muita coisa importante do papel e reinventar, de fato, a mineração. E quando falo que, com tudo isso, estamos firmes no nosso propósito de fazer uma mineração diferente, não é da boca para fora. Fazemos uma mineração diferente quando temos ativos “fit for purpose”, fugindo dos paradigmas que para ser bom tem de ser grande, com grandes construções, frotas e equipamentos. Quando deixamos um legado para as nossas comunidades anfitriãs e cidades em que estamos investindo. Quando atraímos talentos qualificados e diversos para as nossas empresas. Quando comunicamos todo o valor gerado pela mineração. Bom, a lista de tudo que podemos fazer diferente é longa, mas seguimos no nosso foco de ter uma indústria cada vez mais segura, responsável, inteligente. E diferente!

E para você, o que é fazer uma mineração diferente?