Como as médias e pequenas empresas podem acessar?

26/05/2022
Painel teve a moderação de Miguel Nery, da ABPM, e a presença de Silvia França (Cetem), Rodrigo de Oliveira (ABIMAQ), Cristina Ferreira (MCTI), Rodrigo Alberto Moreira Gomes (Nexa).

 

Tecnologia & Perspectivas de Mercado foi o tema do quarto painel do dia 25 de maio do 7º Encontro Nacional da Média e Pequena Mineração, que teve a moderação de Miguel Nery, diretor-executivo da ABPM, e a presença de Silvia França, do Cetem, Rodrigo de Oliveira (ABIMAQ), Cristina Ferreira (MCTI), Rodrigo Alberto Moreira Gomes - Gerente Geral de Inovação e Energia/ IT Nexa, 

A primeira debatedora do Painel 4 foi Cristina Ferreira, do MCTI, começou falando do apoio da Pesquisa, Desenvolvimento &Inovação (PD&I) para Médias e Pequenas Empresas do Setor Mineral, com destaque para recursos minerais e minerais estratégicos, com vários projetos ligados à outras áreas, como eficiência energética (cerâmica vermelha, gesso), uso e reuso de água na mineração, agrominerais para biocombustíveis, entre outros. 

“O Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (FNDCT) é composto por 16 fundos, dos quais 13 setoriais específicos para os setores minerais e três transversais. O FNDCT é um fundo de natureza contábil e financeira e tem como objetivo financiar inovação e desenvolvimento científico-tecnológico para promover o desenvolvimento socioeconômico brasileiro”. 

Cristina disse ainda que o Fundo Setorial Mineral tem como meta desenvolvimento e difusão de tecnologia, pesquisa científica, capacitação, inovação e formação de recursos humanos para o setor mineral, principalmente para micro, pequenas e médias empresas e estímulo a pesquisa técnico-científica de suporte à exploração mineral. O Fundo é composto por representantes do MCTI, MME, ANM, FINEP, CNPq, setor empresarial/CNI e comunidade científica/ABC. 

Dentre as leis aprovadas para 2022 estão a Chamada Pública CNPq, para PD&I, gestão e extensão tecnológica, infraestrutura laboratorial, capacitação e formação de RH para mineração e transformação mineral em micro, pequena e média escala, com o objetivo de apoiar projetos de desenvolvimento tecnológico cooperativos, organizados em APLs, com valor de R$ 8,5 milhões e projetos entre R$ 300 mil e R$ 1 milhão. 

A segunda chamada pública do CNPq para PD&I é voltada para o desenvolvimento integral das cadeias produtivas de minerais estratégicos em três linhas de apoio: Minerais Estratégicos com aplicação em produtos de alta tecnologia para o setor energético; Minerais Estratégicos com elevado déficit comercial - agrominerais e remineralizadores de solo e a linha 3 - PD&I voltada para estabelecimento de modelos de depósitos minerais com foco em minerais estratégicos. 

A segunda a participar foi Silvia França,diretora do  CETEM, que começou dizendo que o instituto atua em todo o território nacional e atendendo governos, grandes, médias e pequenas empresas, APLs minerais e garimpo. O CETEM tem sede no Rio de Janeiro e um núcleo regional no Espírito Santo focado em rochas ornamentais. “Sabemos da importância da mineração, mas não custa contextualizar que a demanda crescente por produtos de base mineral é o que impulsiona a existência da mineração. Lidamos com produtos finitos e desenvolvimento tecnológico e inovação são fundamentais para atender aos diversos desafios enfrentados pelo setor mineral”. Silvia complementou dizendo ser importante desenvolver novas técnicas para encontrar novos depósitos minerais, recuperação de quantidades menores de minerais do subsolo, de maneira econômica, redução no consumo de água e energia e a garantia de processos sustentáveis para garantir práticas ESG. 

O CETEM oferece para as pequenas e médias empresas melhorias nos processos produtivos (redução de água, energia e outros insumos); melhoria de produto (aumento do teor, adequação granulométrica, redução de umidade); desenvolvimento de equipamentos e caracterização tecnológica (concentrados, rejeitos e outros materiais minerais, rochas do patrimônio histórico (IPHAN), resíduos e rejeitos – aproveitamento e disposição segura). 

Rodrigo de Oliveira, da ABIMAQ, decidiu falar sobre a tecnologia nas pequenas e médias mineradoras, em seus diferentes níveis tecnológicos e de como é difícil colocá-las todas em um mesmo patamar. “Há empresas extremamente atrasadas no quesito tecnologia para o processo produtivo, enquanto outras estão na vanguarda, com utilização de tecnologia 4.0. Os gargalos de tecnologia mineral são gigantes”. As médias e pequenas mineradoras têm como principal entrave a questão dos recursos e a falta da cultura da inovação, de desenvolver novas soluções tecnológicas. Além disso, há uma falta de informação sobre tecnologia no Brasil e o ESG é um indutor de tecnologia. Todo desenvolvimento na mineração depende de máquinas e equipamentos. “A ABIMAQ costuma fazer rodadas técnicas, de negócios, para aproximar fornecedores e players para apresentar novas tecnologias, que está em constante evolução. E as empresas precisam estar em constante atualização”. Outro ponto de gargalo é o efeito das tecnologias nas APLs. “Onde se tem capacitação humana na região, o local cresce muito. A mineradora agregada de tecnologia pode gerar inúmeros benefícios na APL, com geração de valor com rejeitos, por exemplo. Tudo é claro para quem é do setor, mas o Brasil é muito heterogêneo”. 

Já Rodrigo Alberto Moreira Gomes, Gerente Geral de Inovação e Energia/ IT Nexa, disse que a empresa aplica tecnologia há muitos anos, pois sustentabilidade é um fator de competitividade. “A tecnologia e inovação é um meio e você ser sustentável torna a empresa mais competitiva. Se você produz com menos água, menos energia, consegue transformar resíduos/rejeitos em novos produtos” a empresa sai ganhando. 

Sobre ESG, Rodrigo afirma que é um pré-requisito e o mundo caminha cada vez mais rápido. “Hoje é um upgrade, mas as mineradoras têm que pensar que o cliente pode não mais comprar produtos, caso elas não se adequem às normas ESG. Caso você queira pegar um investimento para financiar uma mina nova, há bancos que oferecem juros muito mais baixos para uma mina que já nasce com todos os princípios ESG, o que vale para equipamentos e tecnologias também”.

A Nexa, em parceria com o IBRAM, tem o mining hub, onde os empreendedores podem acessar o programa que ajuda o cliente a achar a solução específica para o que cada companhia necessita. “A Inovação precisa de três C’s para acontecer: Conhecimento, Colaboração e Coragem”, concluiu Rodrigo Moreira. 

Por último, Rodrigo Orestes, do CIMATEC, disse que o Senai/CIMATEC promove treinamento e formação, serviços tecnológicos (laboratórios), e o principal, pesquisa, desenvolvimento e inovação aplicada para o desenvolvimento de produtos. Localizado em Salvador, o Senai/CIMATEC atua em 42 áreas de competência e conta com mais de 900 funcionários. 

“No Brasil é preciso ter um diálogo intersetorial para fazermos projetos mais parrudos, como, por exemplo, hidrogênio verde, eletrificação. Temos tudo para estar na liderança da transição energética”. 

No Senai/CIMATEC trabalha-se com realidade virtual e aumentada, microeletrônica e eletrônica embarcada, manufatura aditiva e criatividade , além de um Centro de Inteligência Artificial e um Centro Integrado de Tecnologias Minero-Metalúrgicas, estrutura adequada para estudos de viabilidade técnico-econômica de rotas piro e hidrometalúrgicas, rotas siderúrgicas, lixiviação ácida e básica, tratamento de efluentes e sedimentação, além de scale-up de rotas tecnológicas, entre outras propriedades.

Video Url