Emissão de R$ 250 milhões de CRAs

23/10/2021
Os CRA têm como lastro a compra de madeira e carvão da AVB para produzir aço neutro em emissão de carbono. 

 

A Aço Verde do Brasil (AVB) fez emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no valor de R$ 250 milhões no mercado de capitais. Os recursos serão usados para fortalecer o caixa da companhia, que dobra de tamanho neste ano. Os CRA têm como lastro a compra de madeira e carvão da AVB para produzir aço neutro em emissão de carbono. 

Silvia Carvalho Nascimento, presidente do conselho da AVB, disse que desde 2008 a companhia produz usando 100% de carvão vegetal de áreas de reflorestamento. Pouco mais de 85% do carvão que consome vem do grupo Ferroeste, que possui 200 mil hectares de terras no Brasil, 60% voltadas ao plantio de eucalipto. A primeira fase, já concluída, consistiu na captação de R$ 180 milhões, com duas opções de rentabilidade. “Com o recurso do CRA, vamos aumentar o capital de giro para compra de carvão e madeira e para trocar alguma outra dívida pequena e cara”, disse a executiva.

A dívida líquida ajustada da AVB (composta por empréstimos, financiamentos, adiantamento de contratos de câmbio e debêntures menos caixa e equivalentes) caiu 6% no primeiro semestre, para R$ 632,4 milhões. O nível de endividamento, medido pela relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), ficou em 0,98, ante 3,81 em junho de 2020. Com o caixa fortalecido pela emissão de CRAs, a AVB estima reduzir o endividamento para 0,7.

Os CRAs emitidos têm prazo de vencimento de dez anos, com cinco anos de carência. A operação foi estruturada pela boutique de investimentos mineira Araújo Fontes, com emissão pela BR Partners. De acordo com Leonardo Teixeira Moreira, um dos sócios da Araújo Fontes, a captação é feita em duas fases. A primeira fase, já concluída, consistiu na captação de R$ 180 milhões com duas opções de rentabilidade: inflação (IPCA) mais 5,4% ao ano e taxa de certificado de depósito interbancário (CDI) mais 2,5% ao ano. A segunda fase consiste na emissão de R$ 70 milhões de CRAs, em fase final de captação, com rentabilidade baseada no IPCA acrescido de uma taxa. “A segunda tranche certamente será acrescida de uma taxa acima de 6%”, afirmou Moreira. Entre os investidores que adquiriram os títulos estão a BR Partners, family offices e empresas de private equity. Segundo Fontes, o interesse pela segunda tranche está muito forte porque a AVB está dobrando a receita neste ano, com ganhos expressivos na lucratividade.

A AVB registrou no primeiro semestre avanço de 138% na receita líquida, ante o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 865,9 milhões, resultado impulsionado pela alta nos preços do aço. Em volume, as vendas de aço aumentaram 2%, para 134,9 mil toneladas. O Ebitda atingiu R$ 400,8 milhões, com avanço de 265%, enquanto o lucro líquido foi de R$ 286 milhões, ante prejuízo líquido de R$ 36,3 milhões um ano antes. 

Em 2021, a AVB prevê chegar a R$ 2 bilhões de receita, o dobro do alcançado em 2020. Em 2022, a meta é produzir 100 mil toneladas a mais do que neste ano, chegando a R$ 3 bilhões de receita. A AVB usa metade da sua capacidade instalada, devendo fechar 2021 com produção de 300 mil toneladas. O objetivo é chegar a 600 mil toneladas até 2025. “Precisamos ter um caixa robusto para manter esse ritmo acelerado de expansão”, disse Nascimento.

A AVB investe R$ 25 milhões em uma termelétrica, com capacidade para gerar 12 MW de energia, usando os gases originados no alto-forno para gerar energia. Com isso, espera atender 30% da demanda da usina. A companhia também investe R$ 20 milhões em uma unidade para produzir briquetes (blocos compactos feitos com resíduos da produção de aço) e aguarda substituir de 10% a 15% do consumo de carvão e minério. As duas unidades entram em operação em 2022. “Vamos ter uma unidade livre de resíduos”, diz a executiva.