O ano era 1973, o Brasil navegava pelos mares do milagre econômico e crescia a taxa de 14%, digno da era moderna do grande dragão chinês. Investimentos, industrialização e povo feliz, afinal já éramos tricampeões do mundo no futebol. A Anglo American, já uma veterana na indústria, desembarcava nesse país do futuro, na cidade maravilhosa, abençoada por Deus e bonita por natureza. Disseminar suas crenças e compartilhar seu foco em criação sustentável de valor, tão presente desde a gênese da empresa no início do século 20 pela família Openheimer na África do Sul, já eram seus propósitos marcantes.
O mundo então descobriu que recursos naturais não eram renováveis e que o petróleo poderia um dia acabar. A crise era certa e nós não estaríamos imunes. Resiliência já era uma virtude e, mesmo frente a incertezas externas, seguimos a trajetória traçada. Começamos pequenos, sonhamos alto.
De apenas um escritório aos pés do Cristo Redentor à primeira operação de níquel. O Brasil se rendia a Raul Seixas e tal qual sua música, preferimos ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Já buscávamos uma mineração diferente, que se transformava, se adaptava a novos cenários e que se centrava nas pessoas.
A década chegou ao fim, mas os desafios não. O milagre acabou, a guerra voltou e o mundo se viu imerso em dor. Nos anos 80, Renato Russo dizia que não tinha mais o tempo que passou, que não tinha tempo a perder e que nosso suor sagrado é bem mais belo. Sendo assim, não perdemos tempo, não tínhamos medo do escuro, tínhamos as luzes acesas e ainda éramos jovens, resilientes e cheios de energia e transpiração. Apostamos, não somente em níquel, mas em nióbio e fosfato, metal e mineral que a geologia nos presenteou em comunhão, em parceria. Avançávamos assim por essa terra fértil, uma profusão de novos produtos, uma consonância de valores.
Os anos 90 chegaram em grande estilo: desafios políticos, hiperinflação e o povo brasileiro se reinventando a cada dia. Mas, quando mexeram na poupança, o bem mais simples, a forma mais conservadora de planejar o futuro, o Brasil não aceitou e os caras-pintadas foram às ruas, mostraram sua cara, em uma festa para a qual não tínhamos sido convidados. E foram por uma grande Pátria, que em nenhum instante, iríamos trair. Brasil, qual é o teu negócio, o nome do teu sócio, confia em mim, já dizia Cazuza.
Nossos sócios já eram, naquele tempo, comunidades, nossa equipe e nossa terra. A Anglo American deixava sua marca e seu legado agora, não somente nos campos goianos, mas também em solo da pauliceia desvairada. Nosso negócio era transformar minerais em metal nobre, raro, resistente, era alimentar nosso povo, prover o sustento nessa imensidão territorial. Da soja à cana de açúcar, do café ao algodão. Anglo American sempre presente na mesa de cada um de nós.
Como dizia Jota Quest nesta mesma época, novas propostas para o mundo, novos encaixes para as coisas, que ainda estão no lugar, mas sempre atento às diversidades. Anglo American já firme no seu propósito de construção do futuro dentro de um cenário muito complexo, adverso e diverso. Conquistamos mais uma vez um campeonato mundial no futebol, enfrentamos mais um plano econômico, e, finalmente, uma estabilidade, a mesma que buscávamos em nossas operações. Além-mares, a justiça prevaleceu, o apartheid acabou e Mandela encantou o mundo e disseminou o bem.
Na virada do século, o bug do milênio gerava apreensão, medo do desconhecido e do inesperado. Nada aconteceu, todos se prepararam e a humanidade caminhava de forma próspera e estável. São os ciclos da vida, momentos altos e baixos, oportunidades e dificuldades. O mundo debatia a mudança climática, fontes alternativas de combustíveis e as redes sociais ganhavam corpo e força. Por aqui, ganhamos o penta, cantamos e dançamos, afinal sempre festejamos nossa brasilidade. Na Anglo American, seguíamos na mesma toada, na mesma jornada. Investimentos, projetos e inovação. Mais uma crise, e o mundo se deparou com o colapso financeiro. Decisões difíceis e alguns planos postergados, era o correto, era o necessário. Nossa expansão do níquel seria adiada, reprogramada. O mais importante, era cuidar do nosso povo, da nossa gente.
Chegávamos então ao fim da primeira década do novo milênio. Retomamos o plano, começamos um novo negócio, expandimos o metal reluzente junto às culturas de soja no estado mais sertanejo de todos. Imponente em tamanho, conciso em seu impacto ambiental, eficiente no fluxo produtivo. Uma concepção já baseada no pioneirismo da sustentabilidade. A segunda década perdida se materializou no Brasil, mas não para a Anglo American. Investimos com afinco, expandimos o metal estratégico, consolidamos a posição de mercado, ganhamos eficiência operacional e conquistamos clientes. E chegamos ao seio de Minas, na terra onde impera o minério de ferro.
Na Estrada Real construímos uma história, resgatamos o patrimônio cultural, fortalecemos as tradições, ajudamos na produção dos quitutes mineiros, dos mineiros para os mineiros. Enfrentamos o repentino, lidamos com incertezas, renascemos como a flor de lótus, fomos acolhidos por Bom Jesus do Matozinhos. Restabelecemos o nosso propósito: reimaginar a mineração para melhorar a vida das pessoas. Precisávamos disso, queríamos liderar mais essa transformação, cuidando das pessoas, com tecnologia, com paixão e com respeito à diversidade.
Leia a matéria completa na edição 429 de Brasil Mineral