Produção brasileira cresce 24% no semestre

22/07/2021
As vendas internas alcançaram 12 milhões de toneladas, 43,9% a mais que no mesmo semestre de 2020.

 

O Instituto Aço Brasil (IABr) divulgou o balanço do primeiro semestre de 2021, onde a produção de aço bruto somou 18 milhões de toneladas, um aumento de 24% em relação ao mesmo período do último ano. As vendas internas alcançaram 12 milhões de toneladas, 43,9% a mais que no mesmo semestre de 2020, enquanto o consumo aparente atingiu 14 milhões de toneladas, um crescimento de 48,9% sobre os seis primeiros meses de 2020. As exportações somaram 5,186 milhões de toneladas até junho, uma queda de 13,7%, enquanto as importações cresceram 140,6%. O setor siderúrgico investiu, entre 2008 e 2020, um montante de US$ 28,2 bilhões e prevê, para o período entre 2021 e 2025, investimentos de US$ 8 bilhões, privilegiando a indústria nacional. 

A demanda aquecida fez o instituto rever suas projeções para o segundo semestre de 2021. “A demanda atual pode ser explicada não só pela retomada dos setores consumidores, mas também pela recomposição de estoques e até mesmo pela formação de estoques defensivos de alguns segmentos que procuraram se proteger do cenário de volatilidade do mercado. Volatilidade esta que foi provocada pelo movimento mundial de boom nos preços das commodities”, disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do IABr. Entre os aumentos, alguns exemplos são o minério de ferro (+172,7%), sucata (+157,7%), gusa (+146,2%) e o coque com alto teor enxofre para cimento (+281,5%) – até maio de 2021. 

A estimativa é que o setor feche o ano com produção de aço bruto de 35,8 milhões de toneladas, 14% acima do previsto (+11,3%), enquanto as vendas internas são estimadas em 23 milhões de toneladas ou 18,5% a mais que a projeção inicial (12,9%). O consumo aparente deve alcançar 26,6 milhões de toneladas em 2021, alta de 24,1% sobre os previstos 15% iniciais. Já exportações e importações devem fechar o ano com queda de 8,7% e 9,6 milhões de toneladas e incremento de 119%, com 4,46 milhões de toneladas, respectivamente. “O cenário atual é bem diferente daquele de abril de 2020, quando havia muitas incertezas de quais seriam os impactos sobre a economia devido à pandemia COVID-19”, disse Mello. O executivo comentou ainda que naquele momento o setor do aço chegou a operar com 45,4% de sua capacidade instalada, com queda acentuada da demanda de todos os segmentos consumidores de aço. “Atualmente, com a forte retomada dos pedidos de compra, o nível de utilização da capacidade instalada do setor é de 73,5%. As empresas do setor do aço rapidamente se organizaram para atender ao aquecimento do mercado que, atualmente, encontra-se plenamente abastecido, sem qualquer excepcionalidade”. 

O setor de aço tem oferta excedente mundial de 562 milhões de toneladas, o que acaba por gerar práticas desleais de comércio, escalada protecionista (salvaguardas em diversos países e a Seção 232, nos Estados Unidos). Estas medidas preocupam Mello, pois podem transformar o Brasil num depositário de desvios de comércio, pelo fato de ser um mercado sem proteção, assim como seus vizinhos da América do Sul. “É preciso atenção no processo de abertura comercial da economia brasileira, sendo necessário vincular a redução do imposto de importação à redução do custo Brasil, como vem sendo defendido pela indústria”. 

Em relação ao caso de que o preço do aço afetaria o crescimento do setor da construção civil, Marco Polo disse que o lançamento de unidades imobiliárias cresceu 167,5% entre janeiro e maio de 2021; as vendas das unidades imobiliárias aumentaram 53,2% no mesmo período e que a construção civil registrou recorde histórico na criação de empregos nos últimos doze meses, além do financiamento ter crescido 160,1% nos cinco meses iniciais de 2021. Sobre o setor do aço, Marco Polo afirma que a indústria tem plena capacidade para atender o crescimento do país e que o abastecimento do mercado interno é prioridade absoluta do setor. 

A concretização das perspectivas positivas apresentadas pelo setor depende da velocidade e do alcance da vacinação e do consequente controle da COVID-19 e da agilidade das discussões para aprovação da Reforma Tributária. O crescimento econômico do Brasil requer uma indústria forte e competitiva.