A produção de ouro no Brasil

11/09/2022
Artigo por Mathias Heider e Miguel Antônio Cedraz Nery

1. Muito Prazer, eu sou o Ouro...

O ouro, representado pelo símbolo químico Au, possui número atômico 79 na tabela periódica dos elementos, é um metal maleável que, em contato com superfícies duras, pode seu lustro arranhar e destruir. Tem valência igual a 1,3 e peso atômico 197. Em seu estado mais puro (24 quilates), o ouro é considerado frágil demais para uso em joalheria e costuma ser misturado ou ligado a um ou mais metais para produzir a resistência e as características com as cores desejadas.

O ouro puro é denominado “ouro 1000” ou “24 quilates” (24K). Na realidade, o ouro nunca tem uma pureza total e a sua classificação mais alta cai para 999 pontos. O ouro 24K dito como 100% puro equivale a 999 pontos na escala europeia. O ouro 18K, que tem uma pureza de 75%, equivale a 750 pontos. Com uma onça de ouro (1 Oz=31,103g), pode-se recobrir uma superfície correspondente a 30 m2 ou trefilar um fio de aproximadamente 90km de comprimento.

O seu limite de elasticidade é de 4 kg/ mm2 e sua carga de ruptura alcança 13 kg/ mm2. O ouro tem peso específico de 19,32 g/cm2 , possui ponto de fusão a 1.063o C e ponto de ebulição em 2.970o C. Apresenta dureza de 2,5 a 3,0 na escala Mohs. É de fácil soldadura autógena e possui alta condutividade térmica (0,74 cal/seg/cm2/cm/o C a 20o c) e baixa resistividade elétrica (2,44 micro-ohm/cm a 20o C).

2. Utilização do Ouro

Embora o ouro seja importante na indústria, também possui um status singular entre todas as commodities minerais comercializadas, valorizando-se através dos tempos. Foi considerado, em épocas passadas, como um metal fundamentalmente monetário e a maior parte do ouro produzido foi transferida para os tesouros nacionais ou bancos centrais dos diversos países.

O uso monetário do ouro data de tempos remotos da civilização, quando servia a cunhagem de moedas de ouro na Lídia e na Jônia, no século VIII a.C. O Ouro serviu de moeda dos reis Lídios e da maioria das dinastias da Índia, até o século XII, nas moedas comerciais das repúblicas italianas de Florença e Veneza. Na Inglaterra, ligada a Portugal pelo Tratado de Methuen, o ouro garantiu o pagamento dos produtos manufaturados ingleses. Nossa riqueza financiou a revolução industrial na Inglaterra, criou a primeira classe média intelectualizada do Brasil, em Ouro Preto, maior cidade das Américas no século XVIII, e abriu o Brasil para o pensamento iluminista por meio dos inconfidentes.

A partir da segunda metade do século XIX, passou gradativamente a substituir a prata, que durante vários séculos foi a base monetária utilizada em vários países, perdurando o seu uso até 1914, quando desapareceu do mundo ocidental como moeda corrente. Atualmente, as moedas cunhadas em ouro são utilizadas para fins especulativos ou como investimento.

No século XIX, o “padrão ouro” instituído pela Inglaterra foi considerado como o primeiro sistema monetário e financeiro organizado internacionalmente. Dois pressupostos básicos eram exigidos por esse padrão: a) que a unidade monetária nacional se definisse com relação ao ouro e que qualquer outra moeda nacional distinta do ouro fosse conversível em ouro; b) que as autoridades monetárias do país comprassem e vendessem ouro a um preço fixo em relação à sua própria moeda. A moeda nacional era tão valorizada como o ouro e quaisquer das moedas nacionais em poder dos estrangeiros seriam igualmente valorizadas quanto o ouro; ou seja, podia-se exigir ouro por elas um preço fixo.

Leia a matéria completa na edição 423 de Brasil Mineral