Taboca e LAREX visam extração de terras raras a partir da produção de estanho

28/08/2023

A Mineração Taboca, juntamente com o LAREX (Laboratório de Reciclagem, Tratamento de Resíduos e Extração) da USP, estão realizando um projeto tendo como foco a purificação do resíduo da mineração de estanho para obter materiais de alto valor, como os Elementos Terras Raras (ETRs).

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos (os 15 lantanídeos, o escândio e o ítrio) amplamente utilizado para o desenvolvimento de tecnologias emergentes em várias áreas, como a produção de componentes de diversos eletroeletrônicos e de ímãs permanentes.

Os ímãs são utilizados para fabricação de motores e dínamos, necessários para o desenvolvimento de plantas de energia renovável, sendo assim fundamentais para a descarbonização do setor energético.

Embora o Brasil não seja um grande produtor de terras raras, concentrando menos de 1% da extração desse material, possui mais de 17% das reservas mundiais desses elementos. Isso, combinado com a hegemonia chinesa nesse mercado (61% da extração e 35% da reserva mundial), abre uma grande oportunidade de negócio para que o País entre nesse mercado. 

Dentre as empresas interessadas em fazer parte deste mercado mundial, está a Mineração Taboca. A tradicional mineradora de estanho visa ampliar o conjunto de metais que oferece e desenvolve, juntamente com o LAREX, novas rotas para a obtenção desses elementos.

O estanho da Mineração Taboca é reconhecido internacionalmente há mais de 20 anos, sendo registrado na Bolsa de Metais de Londres sob a marca Mamoré, e a mineradora, além de atuar na mineração e metalurgia desse metal, está presente no mercado de Nióbio e Tântalo, possuindo duas unidades de produção principais: a Mina de Pitinga, no estado do Amazonas, e a metalurgia de Pirapora do Bom Jesus, localizada no estado de São Paulo. As novas rotas metalúrgicas que a empresa busca desenvolver visam extrair novos metais e aumentar seu valor atribuído.

Operando nestas duas frentes principais, a Taboca produz estanho altamente refinado na planta de metalurgia de Pirapora do Bom Jesus a partir do concentrado de cassiterita, proveniente da mina de Pitinga, que é fundido para obter estanho refinado (com 99,9% de pureza). O metal produzido tem papel importante, por exemplo, na aplicação de tecnologias ecológicas e no combate à poluição. Já na operação de Nióbio e Tântalo, a empresa produz as ligas metálicas, obtidas por meio da fundição da columbita e pirocloro, também extraídos da Mina de Pitinga. As ligas são produzidas sob as formas de FeNb (ferro-nióbio) e FeNbTa (ferro-nióbio-tântalo), sendo a primeira utilizada na fabricação de aços especiais dentro da indústria siderúrgica, para áreas como construção civil, automotiva, indústria naval e energias renováveis, enquanto a segunda tem papel importante na indústria química, aeroespacial, em áreas da saúde e indústrias eletrônicas.

Já o Laboratório que compõe a parceria, o LAREX, pertence ao Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica (POLI-USP), e é um centro de pesquisa científica que realiza estudos nas áreas de reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e processos de extração de metais. O laboratório é composto por mais de cinquenta pesquisadores entre professores, técnicos, alunos de graduação, mestrado, doutorado e Pós-Doutorado, e nele foi construída a planta-piloto do projeto, onde diversos alunos que integram a equipe LAREX estão trabalhando na pesquisa. A

parceria LAREX – Taboca foi possível graças à Tecnogreen, uma unidade Embrapii (Empresa Brasileira de pesquisa e inovação industrial). A EMBRAPII permite que as empresas levem suas necessidades e discutam diretamente com as unidades, não sendo necessário esperar por editais ou aprovações por parte do governo federal.

Veja a matéria completa na edição 432 de Brasil Mineral