ESG e descarbonização são a “bola da vez”

21/03/2022
No Brasil, além das duas tendências mencionadas, deve ser acrescentado a relação das mineradoras com as comunidades indígenas e seus territórios. 

 

De acordo com o relatório da Deloitte “Tracking the trends 2022 – Redefinindo a Mineração”, divulgado recentemente, as práticas de ESG e a busca por um futuro de baixa emissão de carbono lideram as dez tendências que podem impactar o setor de mineração e deverão estar no centro das atenções das mineradoras nos próximos 12 a 18 meses. No Brasil, além das duas tendências mencionadas, deve ser acrescentado a relação das mineradoras com as comunidades indígenas e seus territórios. 

As dez tendências apontadas pela Deloitte, em suas décima quarta pesquisa, são as seguintes: Alinhamento da alocação de capital ao ESG’; ‘Remodelando as cadeias de valor tradicionais’; ‘Atuando no ambiente regulatório e tributário pós-Covid; ‘Incorporando ESG nas organizações’; ‘Evoluindo o mundo de trabalho da mineração; ‘Estabelecendo um novo paradigma para as relações indígenas’; ‘Continuando a jornada em direção às organizações lideradas pela inovação’; ‘Gerando valor por meio de operações integradas’; ‘Preenchendo a lacuna de vulnerabilidade de Tecnologia da Informação e Tecnologia Operacional (TI-OT)’ e ‘Preparando as operações para as mudanças climáticas’.

De acordo com a sócia-líder da indústria de Mineração da Deloitte, Patrícia Muricy, embora todas as tendências globais se apliquem ao setor mineral no Brasil, duas delas ganharão maior força: o estabelecimento de novos paradigmas para as relações com as comunidades indígenas e a incorporação dos conceitos de ESG nas operações.  

 “A questão da relação entre mineradoras e comunidades indígenas e suas terras ancestrais ainda não atingiu uma forte maturidade aqui no Brasil, como vemos em países como o Canadá e a Austrália, por exemplo. Esse assunto precisa estar na agenda das organizações do setor, pois ainda há um longo caminho a ser percorrido para que essas questões sejam devidamente endereçadas. As mineradoras podem reforçar o trabalho com os proprietários das terras e comunidades tradicionais -- que, de acordo com o nosso relatório, não são contra a mineração -- para que todos os benefícios de ambos os lados sejam abordados e conhecidos, respeitando crenças e culturas”, disse ela.  

Ela acrescenta que as empresas precisam incorporar de fato os conceitos de ESG em seus processos e metas de performance, mesmo que às vezes tenham que dar um passo atrás para explicar, de forma prática e pragmática, o que significam cada uma das letras que compõem a sigla e o próprio conceito ESG.  “Ainda vejo muitas empresas operando como silos. Como resultado disso, vemos o departamento de ESG remando em um sentido, enquanto alguns outros silos remam na direção oposta, muitas vezes por não terem a visão do todo. Para isso não acontecer, as métricas ESG devem ser explicadas em uma linguagem que a operação entenda e possa agir efetivamente. É necessário que se conheça os benefícios e ter itens práticos e acionáveis ​​para implementar. Os profissionais da operação devem entender que, embora suas métricas de desempenho possam estar relacionadas à produção, redução de custos e segurança, por exemplo, a empresa está colocando muito esforço e dinheiro em projetos ESG, então remar na direção oposta está custando muito dinheiro e esforços às empresas”, destaca Patrícia Muricy. “Tudo começa com a liderança. A alta administração precisa abraçar verdadeiramente o ESG, mas primeiro eles precisam entender verdadeiramente o que é E, o que é S e o que é G”, conclui.