China proíbe exportações de minerais críticos aos EUA
A China proibiu as exportações para os Estados Unidos de itens relacionados aos minerais gálio, germânio e antimônio, que têm potenciais aplicações militares, informou o país na terça-feira (2), um dia após a mais recente repressão de Washington ao setor de chips da China. Uma diretriz do Ministério do Comércio sobre itens de uso duplo com aplicações militares e civis citou preocupações de segurança nacional. A ordem, que entra em vigor imediatamente, também exige uma revisão mais rigorosa do uso final de itens de grafite enviados para os Estados Unidos. "Em princípio, a exportação de gálio, germânio, antimônio e materiais superduros para os Estados Unidos não será permitida", disse o Ministério do Comércio.
As restrições reforçam a aplicação dos limites existentes às exportações de minerais essenciais que Pequim começou a implementar em 2023, mas se aplicam apenas ao mercado dos Estados Unidos, na mais recente escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo antes da posse do presidente eleito, Donald Trump. Dados da alfândega chinesa mostram que não houve remessas de germânio ou gálio trabalhados ou não para os Estados Unidos neste ano até outubro, embora tenham sido o quarto e o quinto maiores mercados para os minerais, respectivamente, um ano antes. Gálio e germânio são usados em semicondutores, enquanto o germânio também é usado em tecnologia infravermelha, cabos de fibra óptica e células solares. Da mesma forma, as remessas totais de produtos de antimônio da China em outubro caíram 97% em relação a setembro, depois que a decisão de Pequim de limitar suas exportações entrou em vigor.
Em 2023, a China foi responsável por 48% do antimônio extraído globalmente, que é usado em munições, mísseis infravermelhos, armas nucleares e óculos de visão noturna, bem como em baterias e equipamentos fotovoltaicos. Este ano, a China respondeu por 59,2% da produção de germânio refinado e 98,8% da produção de gálio refinado, de acordo com a consultoria Project Blue. "A mudança é uma escalada considerável de tensões nas cadeias de suprimentos, onde o acesso a unidades de matéria-prima já é restrito no Ocidente", disse o cofundador do Projeto Blue, Jack Bedder.
Os preços do trióxido de antimônio em Roterdã subiram 228% desde o início do ano, para US$ 39.000 a tonelada métrica em 28 de novembro, mostraram dados do provedor de informações Argus. O anúncio da China ocorre após Washington lançar sua terceira repressão em três anos à indústria de semicondutores da China, restringindo as exportações para 140 empresas, incluindo a fabricante de equipamentos para chips Naura Technology Group.
Trump, cujo primeiro mandato na Casa Branca foi marcado por uma guerra comercial com a China, disse que implementará tarifas de 10% sobre produtos chineses e ameaçou tarifas de 60% sobre importações chinesas durante sua campanha presidencial. "Não é nenhuma surpresa que a China tenha respondido às crescentes restrições das autoridades americanas, atuais e iminentes, com suas próprias restrições ao fornecimento desses minerais estratégicos", disse Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China. "É uma guerra comercial que não tem vencedores", disse ele. Separadamente, vários grupos da indústria chinesa pediram que seus membros comprassem semicondutores fabricados no país, com um deles dizendo que os chips dos americanos não eram mais seguros e confiáveis. (Com informações da Reuters)