“As indústrias estão começando a se acostumarem com a Inteligência Artificial e muitas sequer fazem uso dessa ferramenta”, foi a conclusão a que chegou o painel sobre O Uso de Inteligência Artificial e as Inovações em Geoinformação Aplicada à Mineração, apresentado no segundo dia do Congresso do IBRAM. De acordo com o moderador Daniel Mayer Fontoura, Gerente de Reservas e planejamento de mina de longo prazo na Mosaic Fertilizantes, existe uma curva de maturidade para o uso dessa ferramenta e, num futuro próximo, mais pessoas serão usuárias deste tipo de tecnologia. O painel discorreu sobre as necessidades de adequação de infraestrutura de TI, capacidade de conectividade de diversos dispositivos, volume de dados que vão ser transferidos, input/output de sistemas de TI, e como fazer o uso depois de todas essas informações.
O problema de coleta de informação foi abordado por Tiago Fontes, da Huawei do Brasil; na sequência, Patrícia Procópio, Diretora de Planejamento, Inovação & ESG na Hexagon, CEO da Newverse e presidente do WIMBrasil falou sobre o uso dessas informações; José Moreira, CEO da Innomotics, apresentou as ferramentas aplicadas e desenvolvidas no Brasil; e Bartira Carvalho, Regional Sales Manager Americas na Datamine trouxe o foco para as aplicações diretas que permitem sair numa escala mais pontual e direcionada a determinado segmento de planejamento de mina e geologia.
Como a aplicação de IA na mineração ainda é um assunto novo, Daniel disse que ainda não é possível vislumbrar quais são os limites de ganho e que muito potencial acabará ficando pelo caminho, “como acontece normalmente com algumas tecnologias”. Os usuários precisam entender que a ferramenta é capaz de ampliar a capacidade de percepção e o tratamento de dados. E os fornecedores e desenvolvedores precisarão ouvir mais os usuários para adaptarem a usabilidade dessas ferramentas – “quanto mais fáceis elas forem de ser utilizadas, mais rápido haverá a absorção dessa tecnologia”. A ferramenta não toma a decisão, mas certamente ajuda o usuário a melhor interpretar a massa de dados com mais agilidade.
Trazendo esse olhar para a Mosaic, Daniel salientou a preocupação da empresa com a inovação: “é um dos nossos pilares estratégicos. A Mosaic ajuda o mundo a produzir os alimentos de que precisa e cada vez mais precisamos aplicar novas tecnologias para manter a sustentabilidade, melhorar os controles e a eficiência operacional”.
A Mosaic vem fazendo o uso de inteligência artificial basicamente em análises estatísticas, gestão de informação, processamento de imagens e de geoinformação. As potencialidades são perceptíveis: “ao invés do geólogo fazer uma análise de geostatística direcionada para uma única apreciação dos dados, com o uso da ferramenta de inteligência artificial ele ganha agilidade e consegue vislumbrar os dados por diferentes aspectos que tornam o entendimento mais profundo”. Mas outras aplicações estão direcionadas à capacidade industrial, como o uso de imagens para controle de flotação, por exemplo.
Outro ponto importante abordado no painel é que a IA pode ser aplicada em tópicos específicos, como mencionado acima, como também em empresas de grande porte, como integração de diferentes sistemas produtivos dentro de uma mineradora, incluindo mina, ferrovia, planta de processamento, porto – “um nível extremamente elevado de sofisticação e de integração do todo. Mas também dá para começar por baixo, diretamente nos processos mais simples, que trazem ganhos rápidos”. O tempo que isso vai levar para se expandir vai depender de como a indústria reagirá aos ganhos e potenciais observados ao longo do caminho.
“A inteligência artificial vai nos trazer uma potencialidade que estamos começando a entender. Vai ampliar nossa capacidade de controle, de saúde, de segurança, de meio ambiente. ‘Acordamos’ com uma ferramenta nova na caixinha que estamos aprendendo a utilizar”, concluiu Daniel.