Rumo à descarbonização, o mundo vem buscando novas fontes de energia – as renováveis – para garantir a continuidade da atividade industrial nos mais diversos segmentos. Este foi, inclusive, o tema de abertura da Exposibram 2024. No formato talk-show, a presidente da Anglo American no Brasil e presidente do Conselho Diretor do Ibram, Ana Sanches, recebeu Elbia Gannoum, Presidente Executiva da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Fernanda Delgado, diretora Executiva da ABIHV (Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde), Renata Isfer, presidente Executiva da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e Roberta Mota Cox, Diretora Brasil da Global Wind Energy Council (GWEC), para debater o que vem sendo feito na prática para a transição energética no Brasil.
Roberta salientou o interesse da GWEC no mercado brasileiro, especialmente na mineração, que tem grande potencial na transição energética. Renata, por sua vez, lembrou que o biometano tem grandes potenciais na área dos biocombustíveis, especialmente na descarbonização de frota, entre outros usos. Elbia afirmou que a mineração é um dos pilares da economia de baixo carbono e a competitividade da energia eólica. Fernanda relatou sua trajetória na Vale antes de ir para o setor de óleo e gás e que o hidrogênio é parte da solução, juntamente com as energias eólica e solar.
Ana Sanches situou que não há como pensar no futuro da mineração sem considerar a transição energética que, apesar dos desafios, também traz oportunidades e soluções para a descarbonização de toda a cadeia produtiva. Razoavelmente nova no Brasil, a energia eólica ganhou mais impulso nos últimos 10 anos. É hoje a segunda fonte de geração de grande porte do Brasil em termos de matriz elétrica, mas que ainda irá passar por muitas modificações pela busca da economia de baixo carbono. Elbia disse ainda que a energia eólica e a mineração têm uma relação muito forte – “a mineração é intensiva em uso de energia e o custo é fator primordial para garantir a competitividade”. Do ponto de vista da oferta, o Brasil conta com muitos parques onshore e offshore e novos projetos estão em andamento. “Podemos contribuir fortemente para a industrialização brasileira ou para a neoindustrialização do Brasil, a partir da economia verde”, garantiu Elbia.
No hidrogênio, Fernanda comemorou a lei sancionada em agosto passado, “que traz todo o marco legal para começarmos nessa indústria”. Mas pontuou a necessidade de leis complementares e incentivos para as primeiras indústrias saírem do papel. “Eu gosto de dizer que é uma nova ordem econômica mundial verde e que o Brasil tem que fazer parte, trazendo o conteúdo de carbono para baixo nos processos produtivos da mineração, da siderurgia, da indústria dos fertilizantes, da indústria química, da indústria de alimentos e do próprio petróleo. O Brasil ganha ao se inserir nessa agenda verde com processos competitivos mais adequados ao que vai ser o futuro”.
Renata disse que o biogás não é conceito tão difundido, “é mercado nascente, feito por todos os resíduos orgânicos e que emite muito metano na atmosfera, sendo 20 vezes mais nocivo que CO₂. Ao invés de ir para a atmosfera, capturamos esse gás e tratamos num biodigestor. Após purificado, o biogás tem o mesmo poder calorífico que o gás natural fóssil, sem ser nocivo ao meio ambiente”. O Brasil possui hoje sete plantas autorizadas para comercialização de biogás e outras 24 aguardam autorização, “mas a gente estima que até 2030, o Brasil terá mais de 100 plantas a considerar os projetos internos”, disse Renata, calculando um potencial de 10 milhões de metros cúbicos.