Cresce número de mineradoras “zumbis” na bolsa australiana
Dados da KPMG Austrália revelaram que o número de "empresas zumbis" listadas na ASX aumentou 30% nos últimos 6 meses, passando de 94, em março, para 122 empresas atualmente.
Geralmente, as empresas são consideradas "zumbis" quando apresentam indicadores de dificuldades financeiras por um longo período de tempo*, mas ainda não estão insolventes e continuam operando.
A capitalização total de mercado da crescente horda de empresas zumbis é agora de US$ 3,1 bilhões, um aumento de 9% em relação aos US$ 2,9 bilhões em março de 2024.
De acordo com Gayle Dickerson, chefe de serviços de reestruturação e recuperação da KPMG, uma combinação de fatores está por trás da crescente zumbificação da ASX.
“Inflação persistente, altas taxas de juros sustentadas e baixo sentimento do consumidor deixaram as empresas com pouco espaço para se manterem solventes. Esses fatores estão simultaneamente mordendo as margens de lucro e aumentando os encargos da dívida, o que está transformando empresas antes estáveis em zumbis.”
Ela acrescenta que, “nos anos anteriores, o aumento de empresas zumbis foi em grande parte devido à remoção do estímulo da COVID, que havia sustentado muitos negócios. Agora, as nomeações de insolvência são 50 por cento maiores do que os níveis pré-covid, o que é um sintoma de condições de mercado mais desafiadoras”.
Para a analista, a legislação Safe Harbour concedeu aos conselhos de algumas empresas listadas mais tempo para trabalhar em opções de reestruturação. “No entanto, ainda vimos algumas falhas nos últimos meses”, disse.
O setor de mineração, ainda conforme Dickerson, é o mais zumbificado na ASX, com um aumento de 51%, passando de 39, em março de 2024, para 59 em setembro de 2024. O setor de mineração conta com 577 empresas listadas na bolsa australiana.
As mineradoras representam 48% de todos os zumbis na bolsa de valores, o que foi em grande parte motivado pela queda nos preços do níquel e do lítio.
O setor que teve o segundo maior número de zumbis foi o de tecnologia e comunicações, com um total de 16 empresas, equivalentes a 13% dos zumbis. Em terceiro lugar ficou o setor de consumo e varejo, com sete zumbis, ou 6% do total.
“Muitas empresas no setor de tecnologia estão dando prejuízo, então, com as taxas de juros permanecendo elevadas, muitas estão achando difícil levantar capital para financiar as operações, já que os investidores buscam ativos menos arriscados”, afirma Gayle Dickerson.
Os setores que, segundo ela, permanecem imunes a zumbis, incluem Aeroespacial e Defesa, Agricultura, Manufatura e Serviços Públicos, que não registraram uma empresa zumbi nos últimos seis meses.