CEO’s debatem tecnologia e sustentabilidade

26/04/2023
Evento em BH debateu tecnologia, sustentabilidade e gestão de riscos na área da mineração

 

Os CEOs da Anglo American, Wilfred Bruijn; da Samarco, Rodrigo Vilela; da Lundin Mining, Ediney Drummond; e o CEO da Komatsu, Guilherme Santos, participaram de evento fechado da Amcham de Belo Horizonte para debater tecnologia, sustentabilidade e gestão de riscos na área da mineração. O primeiro a falar foi o representante da Komatsu, que abordou o tema segurança. “Nos últimos anos temos dedicado muito tempo ao treinamento dos nossos profissionais, com envolvimento de suas famílias. Com a adoção do programa Safety Start, em 2022, temos atuado fortemente em itens que normalmente facilitam a ocorrência de acidentes, como pressa, complacência e cansaço. Trabalhar no comportamento das pessoas e treinar os líderes para que tenham segurança como valor faz toda a diferença”, comentou Santos.

Ediney Drummond, da Lundin Mining, ressaltou que resultados serão colhidos com as medidas de segurança adotadas pela Komatsu. “As taxas de acidentes diminuíram, mas os acidentes fatais não, o que para o setor é um desafio”. Na área de sustentabilidade e tecnologia, que envolvem uso de resíduos e economia circular, Bruijn, da Anglo American, citou a própria Anglo como exemplo, pelo fato da mineradora utilizar rejeitos das unidades de minério de ferro e níquel na construção de rodovias. Vilela, da Samarco, lembrou que o desafio do setor é transformar esses resíduos em coprodutos. “Muito esforço tem sido feito no Brasil nesse sentido. O Mining Hub foi criado justamente para se buscar essas alternativas. Ao desenvolver estudos de coprodutos e sua utilização, no nosso caso, vimos que poderíamos, por exemplo, usar resíduos de marmorização no Espírito Santo. Aqui em Minas Gerais os desafios são outros. Mas é um caminho sem volta e a tecnologia vai ser um parceiro nisso”, disse.

A área de tecnologia foi citada como fundamental para o setor. “A inteligência artificial e a internet das coisas são exemplos de sofisticação trazidos para todos os processos. Seja ela qual for, a tecnologia tem de estar atrelada a um planejamento estratégico. Destaco que fomentar a inovação aberta para que possamos transformar resíduos ou usá-los como fertilizante são pontos a serem considerados, assim como buscarmos caminhos para aproveitarmos melhor as reservas que temos produzido gerando menos resíduos. Por fim, o uso da inteligência artificial para nos ajudar na telemetria, algo fundamental para gestão de risco, e como usar tudo isso para fazer uma mineração mais verde, com a redução da emissão de carbono, são outros caminhos muito importantes para o setor”, avaliou Vilela.

Bruijn, da Anglo, disse que há 30 anos a atividade de mineração preservava grandes quantidades de terra, com grande preocupação com o ecossistema. Com o passar do tempo, e sem abrir mão disso, o setor caminhou para a economia circular e o próximo passo é como irá contribuir com a descarbonização do planeta. “Este é um ponto que está no centro de todas as pautas do nosso dia a dia. Nós avaliamos como transformar nosso combustível em hidrogênio verde. O Brasil foi escolhido para uso da tecnologia em nossos caminhões. Nossa unidade de minério de ferro, em Minas Gerais, está dando um passo significativo nesse sentido. Na operação de níquel já substituímos o uso de carvão por cavaco. É uma demonstração de que o setor está na vanguarda e querendo, de fato, sair do discurso e ir para a prática por um planeta melhor”, afirmou.

Ainda sobre tecnologia, Santos, da Komatsu, comentou que a empresa disponibilizará ainda nesta década um caminhão agnóstico, que poderá ser usado com a energia que estiver disponível. “O cliente vai poder escolher”, adiantou. “Está na essência da mineração essa transição energética. Estamos buscando parcerias para uso de energia limpa. Temos iniciativas para eletrificação de frotas. Mas precisamos dos minerais essenciais. O veículo convencional à combustão, emprega, por exemplo, cerca de 23 kg de cobre. Um híbrido, 45, e um elétrico, mais de 85. Grandes minas já estão se exaurindo e, por isso, precisamos continuar investindo na mineração”, analisou Drummond, da Lundin.

Outros pontos debatidos no encontro foram a eletrificação e a imagem do setor. Sobre o primeiro, o CEO da Komatsu afirmou que é um caminho acelerado e um desafio para todos no que diz respeito às baterias. “Quando falamos de grandes equipamentos de mineração, o uso será muito maior que hoje. E teremos de ter muito mais profissionais aptos a trabalharem na operação, que não apenas engenheiros elétricos. Vamos chegar em um equilíbrio nos próximos anos, mas isso vai exigir uma visão holística do setor”, ressaltou o CEO da Komatsu.

Conforme discutido no evento, tem se trabalhado de forma conjunta no ambiente do Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM), com o compartilhamento de boas práticas, ideias e maneiras de evoluir. Dessa forma, o setor mostra que está aberto a dialogar de forma muito transparente com a sociedade, uma mudança muito positiva nos últimos anos. O setor mineral mostra cada vez mais que se pode coexistir em áreas onde estão minas e cidades, demonstrando o quanto as operações são sustentáveis e valorosas à sociedade. A transparência vai se transformar na importante licença social necessária para se operar.

No que se refere à descarbonização e ESG, os representantes garantiram que o setor seguirá utilizando a tecnologia híbrida até que seja possível o uso de uma totalmente limpa. A gestão de dados e de informação unificada, via IBRAM, ajudarão nesse processo, com demonstração do que vem ocorrendo, constando em relatórios do setor.

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