Câmara setorial de mineração dá posse a nova diretoria

08/11/2024
Vinicius Souto Morais Reis, da Steinert LatinoAmericana Tecnologia de Separação Ltda. é o novo Presidente

 

Tomou posse no dia 6 de novembro a nova diretoria da Câmara Setorial de Cimento e Mineração – CSCM, da Abimaq (Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos), para o biênio 2024/2026. Vinicius Souto Morais Reis, da Steinert LatinoAmericana Tecnologia de Separação Ltda.) é o novo Presidente. Assumem como Vice-presidentes: Rodrigo Franceschini de Oliveira (Semco Tecnologia em Processos Ltda.); Leopoldo Vianna Palhares (Mineral Technologies Comércio de Equipamentos para Processamento de Minerais Ltda.); Paula Novaes Wright (Haver & Boecker Latino Americana Máquinas Ltda.); Alexandre Misk Neto (Trado Equipamentos e Serviços Ltda. EPP); Warley Grotta Júnior (BGL – Bertoloto & Grotta Ltda.); Marcus Peter Hess (Voith Turbo Ltda.); Rafael Serpa (Neuman & Esser Engenharia e Soluções Ltda); Maiari Ruckert Araújo (Koch do Brasil Projetos Industriais Ltda – Tecnokor). Já bastante conhecido e atuante no setor, Carlos Trubianelli permanece como assessor técnico.

Abrindo a cerimônia, José Velloso, presidente Executivo da Abimaq, lembrou que a CSCM, criada em 1972, acompanhou o desenvolvimento do setor de mineração, as principais obras, assim como seus “altos e baixos” e desejou sucesso aos novos dirigentes. Na sequência, Rodrigo Franceschini de Oliveira, recebeu uma homenagem por sua atuação à frente da Câmara nos últimos seis anos. Segundo ele, a CSCM passa por um momento de transformação e renovação e reforçou sua “torcida” pela mineração, lembrando que, além do minério de ferro, outros minerais vêm assumindo a posição de protagonistas no cenário da mineração brasileira, especialmente os minerais de transição energética.

Agora presidente, Vinicius Reis, que já atuava como VP da CSCM há alguns anos, lembrou que o trabalho voluntário exercido na Câmara traz muitos benefícios profissionais em particular e ganhos para as empresas onde atuam. Segundo ele, existem inúmeros desafios e oportunidades e é preciso estar atento para “não perder o bonde”. O cenário para os próximos anos é extremamente desafiador em sua visão, não somente para os players minerais, como também para as empresas fornecedoras de equipamentos e serviços, e  como entidade, Vinicius entende a necessidade de atuar dando o suporte necessário para enfrentar os obstáculos de competitividade – “juntando forças é possível encontrar soluções”.

As perspectivas para o setor mineral brasileiro

Na reunião da Câmara que antecedeu a posse da nova diretoria da CSCM, o jornalista Francisco Alves, Diretor Editorial de Brasil Mineral apresentou a palestra “Mineração Brasileira – Perspectivas para o Setor Mineral”. De acordo com Alves, apesar de o Valor da Produção Mineral Brasileira ter reduzido 0,7% em 2023 (somando R$ 248,2 bilhões) em relação à 2022, o setor vive um momento de boas expectativas em relação aos investimentos de US$ 64,5 bilhões anunciados pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) a serem aplicados entre os anos de 2024 e 2028. Deste total, 26,8% (ou US$ 17,2 bilhões), serão destinados ao minério de ferro; boa parte será aplicada na descaracterização de barragens de rejeitos e nas mudanças dos projetos de beneficiamento para evitar o envio de rejeitos para as barragens, o que totaliza US$10,6 bilhões – ou 16,6% do total. A logística também está contemplada nesse plano de investimentos, o que inclui ferrovias e portos para o escoamento da produção de minérios e a geração de energia (US$ 10,3 bilhões – 16,1%). Já os investimentos para exploração de cobre somarão US$ 6,7 bilhões).

Os minerais com as melhores perspectivas de crescimento, segundo estudo feito pelo jornalista, são, respectivamente: fertilizantes, níquel, bauxita, ouro, terras raras, lítio, titânio, manganês e zinco. Outros minerais, juntos, representam um crescimento de US$ 2,3 bilhões.

Ainda em relação às perspectivas de crescimento, Alves reproduziu uma fala do ex-Ministro da Fazenda e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, Joaquim Levy, que disse que os setores de mineração e infraestrutura poderão investir um total de US$ 2 trilhões nos próximos dez anos, “sendo 30% desse valor proveniente de capital estrangeiro”.

Em sua análise, Alves também ressaltou que o Brasil deverá diversificar a cesta de produtos minerais nos próximos anos, “agregando os minerais considerados estratégicos para a transição energética”. E que, embora o minério de ferro, ouro, bauxita e calcário ainda sejam predominantes na produção mineral do País, “outros minerais como cobre, nióbio e lítio ganham relevância e já começam a figurar entre as dez substâncias minerais produzidas, em valor da produção”, prosseguiu o editor de Brasil Mineral. Isso sem deixar de considerar que, a partir de 2024, as terras raras entraram nessa lista.

Alves também ressaltou aos associados da Câmara que as novas tecnologias de filtragem e empilhamento a seco dos rejeitos começam a ganhar mais mercado, uma vez que as mineradoras não podem mais utilizar barragens de rejeitos – “muitas empresas estão investindo em programas de descaracterização das barragens de rejeitos que foram desativadas e que, somente a Vale, deverá investir US$ 4,36 bilhões até 2035 para concluir o processo de descaracterização de mais 23 estruturas construídas pelo método a montante”.

Por fim, o jornalista sinalizou que a maior parte dos projetos de crescimento estão localizados em Minas Gerais, mas que também há empreendimentos previstos na Bahia e no Mato Grosso do Sul. Mas é preciso estar atento aos gargalos que podem “atrapalhar” essa expansão, como a morosidade nos processos de licenciamento. E indicou que projetos de médio e pequeno porte “devem prevalecer em detrimento dos megaprojetos”.