A Geologia fica sem Onildo João Marini

09/11/2021
Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1963, ele iniciou sua carreira na Petrobras, realizando trabalhos no Recôncavo Baiano.

 

A Geologia brasileira perdeu um de seus grandes nomes: na noite do dia 8 de novembro faleceu, aos 82 anos, o geólogo e professor Onildo João Marini, vítima de um câncer. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1963, ele iniciou sua carreira na Petrobras, realizando trabalhos no Recôncavo Baiano. Também atuou na Comissão da Carta Geológica do Paraná, encarregando-se pela cartografia da Folha Geológica de Araucária. Sua experiência no ensino da Geologia teve início em 1965, quando ajudou a fundar o curso de Geologia na UnB. Mas sua primeira passagem pela Universidade de Brasília teve curta duração, pois após um semestre letivo ele, juntamente com um grupo de docentes, acompanhou o professor Roberto Salmeron no pedido de demissão em massa, por razões políticas. Posteriormente, entre os anos 1968 e 1971, ele lecionou na Unesp, onde também cursou o doutorado, orientado pelo professor Heinz Herbert. Posteriormente, nos anos de 1986 e 1987, fez o pós-doutorado, no Canadá. 

Seu regresso à UnB ocorreu em 1971, desta vez liderando diversas iniciativas e coordenando vários projetos. Muitos geólogos que hoje estão na liderança de empresas ou instituições foram seus alunos. Ele reestruturou o trabalho final de graduação e viabilizou convênios com várias organizações, como o então DNPM e a Eletronorte. Coube a ele também o mérito da criação do mestrado em Geologia e a transformação do Departamento de Geociências no Instituto de Geociências (IG), do qual foi o primeiro diretor. Em 1991, ele se aposentou na UnB. 

Em maio de 2019, ele foi agraciado pela instituição com o título de Professor Emérito. No discurso de apresentação do currículo de Onildo Marini, o professor Reinhardt Fuck, com quem Marini estudou na graduação e compartilhou importantes momentos da carreira, lembrou de outros importantes reconhecimentos que o emérito da UnB recebeu, como a Medalha Pandiá Calógeras em 2008, pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBGeo); as homenagens da Brazil-Canada Chamber of Commerce e da Adimb e a conquista do título de Personalidade do Ano do Setor Mineral pela revista Brasil Mineral

“Vários dos trabalhos do professor Onildo, sobretudo os de revisão, foram e são marcos no avanço do conhecimento geológico do Centro-Oeste e do Brasil”, disse Reinhardt, destacando a publicação de três livros, cinco capítulos de livros, dez cartas geológicas, 60 artigos completos, além de ter orientado quatro mestres. 

Além da atividade acadêmica, Onildo Marini presidiu o Núcleo de Brasília da Sociedade Brasileira de Geologia, tendo também presidido a entidade nacionalmente; contribuiu para o Plano Energético do Carvão Mineral; e, após a aposentadoria, foi pesquisador do DNPM, tendo sido diretor da Divisão de Geologia durante dois anos.

Marini foi um dos responsáveis pela criação da Adimb (Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro), da qual esteve à frente até 2018. Através da Adimb – primeira entidade a juntar esforços da iniciativa privada, governo e Academia – ele coordenou, durante vários anos, a participação brasileira na convenção PDAC, no Canadá, no Pavilhão Brasil e nos eventos Brazilian Mining Day. 

Recentemente, o geólogo Onildo Marini publicou um livro, “Guri de Pá Virada”, onde faz relatos de sua infância 

(Francisco Alves, com informações do “Notícias UnB”)