Mineradora utiliza rejeitos de níquel para captura de carbono

04/07/2022
Magnésio presente nos rejeitos foi combinado com CO2 para formar um composto estável, chamado de hidromagnesita, um carbonato de magnésio hidratado.

 

Uma das maiores mineradoras do mundo, a BHP, está explorando a geração de créditos de carbono a partir de seus resíduos por meio de um processo chamado “mineralização de carbono”.

A mineralização do carbono é o processo natural que transforma o CO2 em um mineral sólido, como o carbonato. É uma reação química que ocorre quando certas rochas são expostas ao CO2. Em teoria, essas rochas podem armazenar centenas de anos de emissões de carbono.

Um estudo de 2005 estimou que a barragem de rejeitos da mina de níquel em Mount Keith estava capturando cerca de 40.000 toneladas de CO2 anualmente, equivalente as emissões de carbono de 15.000 carros de tamanho médio. E isso acontece naturalmente sem nenhuma ação da empresa.

A mina Nickel West em Mount Keith, na Austrália, vem produzindo magnésio como rejeitos. Samantha Langley, cientista da empresa, descobriu que o magnésio residual foi combinado com CO2 para formar um composto estável, chamado de hidromagnesita, um carbonato de magnésio hidratado. 

Cerca de 80% do CO2 armazenado nos resíduos de hidromagnesita da mina Nickel West foram retirados da atmosfera. Essa mineralização de carbono pode compensar cerca de 11% das emissões de carbono da mina.

A maior vantagem desse método é que o CO2 não pode escapar de volta para a atmosfera quando se transforma em pedra. Como resultado, oferece uma solução permanente de captura e armazenamento de carbono para entidades que buscam compensar suas emissões.

Langley acredita que a barragem pode extrair mais CO2 do que as emissões de minério de ferro e níquel da BHP. A gigante da mineração também diz que, ao melhorar a captura de CO2 de seus rejeitos de minas, pode compensar totalmente as emissões de suas operações de mineração.

Empregando novas tecnologias e virando os rejeitos, a taxa poderia ser aumentada. Em última análise, a perspectiva de 100% de carbonatação é o objetivo.

"Poderíamos fazer isso por ativação térmica, aquecendo os minerais e por ativações químicas para armazenar mais carbono", disse Langley. Ela acrescentou que a capacidade total pode ser de 4 milhões de toneladas por ano. Todo o potencial de Mount Keith pode valer meio bilhão de dólares por ano em créditos de carbono, e até US$ 1,5 bilhão.
 
No momento, ainda não há estrutura para créditos de carbono usando mineralização de carbono. Mas, uma vez que a estrutura esteja em vigor, ela também pode ajudar a atrair mais investimentos na captura de carbono de rejeitos de minas.