Ampliando a diversificação dos negócios

06/04/2022
O lucro líquido da VSA alcançou R$ 7,1 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 3,06 bilhões de 2020.

 

O Grupo Votorantim, nos últimos anos, vem ampliando a presença em negócios de maturação de longo prazo, como energia, construção imobiliária e infraestrutura. A expectativa é entrar também nos segmentos de saneamento e saúde. “Isso faz parte de um projeto de diversificação geográfica, bem como de posicionamento em países e regiões de moeda forte para perpetuar o grupo”, disse o presidente João Schmidt, da Votorantim S.A., holding dos negócios da família. Ele está no comando há dois anos e desde 2014 na Votorantim. Anteriormente, atuava no setor financeiro. 

A estratégia de diversificação não é limitada ao Brasil, mas também na América do Norte, onde o grupo tem posição consolidada no setor de cimento e planeja entrar no mercado imobiliário, em infraestrutura, energia e também na área de saúde. Nos últimos 18 meses, Schmidt disse que estruturaram a Altre, uma plataforma de atuação no mercado imobiliário corporativo, além de planejar a reunião dos ativos de energia renovável (hídrica, eólica e solar) em uma única empresa, a Auren, que se listou no Novo Mercado da B3, com valor de mercado de R$ 16 bilhões. Nessa área, atuou com o fundo CPP. 

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) passou por reorganização e abriu o capital na B3, gerando, segundo o executivo, uma flexibilidade financeira para a empresa levar adiante um plano de crescimento. A empresa quase dobrou o valor desde o IPO, em julho de 2021, para R$ 12 bilhões, ao vender 24% das ações. O grupo colocou à venda mais 6%.

A partir de setembro, a Votorantim adquiriu no mercado ações da CCR, concessionária de infraestrutura, que opera rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. Já detém 5,8%. Com a Itaúsa, há menos de um mês, foi feita proposta de compra dos 15% da Andrade Gutierrez ,por R$ 4,1 bilhões. Ao final, sendo o negócio concretizado, cada um dos dois grupos ficará com 10,3%. Atualmente, o conglomerado tem negócios que geram receita em dólar na América do Norte e em euro na Europa e produção de alumínio e zinco no Brasil e Peru, com referência em dólar. “Tudo que não é real dá cerca de 70% da receita da Votorantim”, afirma Sérgio Malacrida, diretor financeiro e de RI da VSA. 

Schmidt comanda também a Altre e destaca ainda, nesse caminho, os três movimentos da Votorantim Cimentos no fim de 2020 e ano passado, fortalecendo sua presença nos EUA, Canadá e Espanha. Na América do Norte, quando firmou parceria com o fundo Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ), que aportou uma fábrica e um sistema de logística de cimento numa empresa da VC na região e ficou com 17% do capital. Na Espanha, a VC fez a aquisição de duas empresas, ficando entre as três maiores cimenteiras do país. “Buscamos um portfólio balanceado em moeda forte e diversificado geograficamente”, afirma o executivo. Hoje, o grupo está presente em 16 países. “Temos flexibilidade para buscar negócios alternativos, em investimentos que gerem valor”, acrescenta Malacrida. 

Atualmente, a Votorantim tem negócios em alumínio, cimento, zinco, cobre e chumbo, geração e comercialização de energia, aço, setor imobiliário, suco de laranja e finanças. “O ano de 2021 foi extraordinário”, comentou Schmidt. “Continuamos a evoluir na transformação do portfólio”. O lucro líquido da VSA alcançou R$ 7,1 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 3,06 bilhões de 2020, ano em que as atividades de algumas empresas foram impactadas pela pandemia Covid-19. Uma grande baixa contábil da mineradora de zinco Nexa levou a holding a registrar a perda.

No resultado de 2021, a Votorantim cita a gestão mais eficiente de custos das suas controladas, a melhora de preços, demanda mais aquecida dos produtos fabricados, câmbio e desempenho positivo de operações no exterior, principalmente na América do Norte. A receita líquida do grupo cresceu 39%, para R$ 49 bilhões - o maior valor de receita atingido pela Votorantim em um ano. O Ebitda ajustado somou R$ 11,5 bilhões, aumento de 70% sobre 2020. “Alcançamos resultados muitos bons em todos os nossos negócios e crescimento significativo na receita líquida e Ebitda consolidados”, afirmou Malacrida. 

A relação entre dívida líquida e Ebitda fechou o ano em 0,87 vez, enquanto o caixa equivalente de R$ 16,7 bilhões, sendo 33% em reais. A empresa reportou dívida líquida de R$ 10 bilhões, 12% inferior ao do final de dezembro de 2020. Em 2022, o presidente da Votorantim vê um ano de “externalidades impactando os negócios”. “A inflação é um fator que preocupa porque atinge os negócios”, diz Schmidt. O grupo tem plano de investir R$ 6,2 bilhões em 2022, somando os gastos correntes e expansões, quase 20% a mais do que no ano passado - R$ 5,3 bilhões.