Os altos e baixos da indústria no Brasil

08/07/2021

ENTREVISTA COM PAULO CAMILLO PENNA, PRESIDENTE DO SNIC E DA ABNT

Depois de viver um período “exuberante” de 2006 a 2014, seguido pela “pior crise” de sua história entre 2015 e 2018, a indústria nacional de cimento registrou um bom nível de crescimento em 2020, apesar da pandemia Covid-19, com índices bastante expressivos, na faixa de dois dígitos (11%). Os fatores que contribuíram para isso, segundo o presidente do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) e da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Paulo Camillo Penna, foram um aquecimento da construção civil residencial – processo que já havia se iniciado em 2019 – em razão da forte queda na taxa de juros, o que direcionou os investimentos para ativos reais como imóveis e o auxílio emergencial do governo, que injetou cerca de R$ 190 bilhões no mercado. As baixas taxas de juros tornaram os financiamentos imobiliários mais atrativos, principalmente por parte da Caixa Econômica Federal, que praticou taxas de juros “extremamente interessantes”, nas palavras do dirigente do SNIC. Também foi muito importante o fato de a construção civil ter sido incluída entre as atividades essenciais, que poderiam continuar operando durante o período de restrições impostas pela pandemia. O desempenho positivo fez com que o setor reativasse fornos que haviam sido desligados durante o período de crise e reabrisse pelo menos uma das 20 fábricas que haviam sido fechadas naquela ocasião. Entre 2019 e 2020 foram acrescentadas 10 milhões de toneladas à capacidade de produção e os balanços das empresas, que estavam no vermelho, voltaram a ficar azuis.

Mas como nem tudo são flores, o crescimento da demanda veio acompanhado de um forte aumento nos custos dos insumos que são essenciais à produção do cimento, como o coque, a energia elétrica e até mesmo a celulose utilizada na fabricação das embalagens do produto. Segundo Camillo Penna, de maio de 2020 a maio de 2021 o preço do coque aumentou nada menos que 175%, contribuindo que o custo da energia (coque, que é energia térmica, mais energia elétrica) na indústria, que era de 50% até 2019, subisse para 70% atualmente. A celulose, por sua vez, teve aumento de 25% no mesmo período. Tudo isso –somado aos investimentos que a indústria teve que fazer para continuar operando em segurança durante a pandemia -- forçou o setor a praticar um reajuste de preços, o que pode inibir o consumo. E a situação agora deve piorar, afirma o dirigente, porque haverá um forte aumento nos preços de energia elétrica no País.

Leia a reportagem completa na edição 410 de Brasil Mineral