Hydro investe R$ 1,6 bilhão visando zerar emissões até 2050

09/08/2024
Empresa investe R$ 318 milhões em caldeiras elétricas e R$ 1,3 bilhão em gás natural para substituir BPF e carvão

 

O alumínio é um metal estratégico na transição energética e cerca de 75% de toda a produção mundial continua sendo utilizada até hoje, graças às suas características de reciclabilidade. Aliás, a sustentabilidade é a base do relacionamento futuro da Hydro, cujas metas de ESG estão centralizadas em três pilares: meio ambiente, que implica na conservação da biodiversidade; clima – ter um produto de baixo carbono; e sociedade, com o propósito de melhorar a vida das comunidades onde opera – “queremos ser um bom vizinho, com parceria de entendimento de longo prazo”, diz Carlos Neves, Vice-Presidente de Operações de Bauxita e Alumina na Hydro.

A Hydro opera no Brasil de forma totalmente verticalizada, centrada em elevados padrões de controle e monitoramento ambiental. A Mineração Paragominas possui a segunda maior mina do Brasil (com capacidade para produzir 11 milhões t/ano) e uma das maiores reservas de bauxita e, para cada hectare minerado, a companhia realiza a restauração ambiental de outro hectare. O transporte do minério segue por um mineroduto que atravessa sete municípios no Pará e evita a emissão de 33 mil toneladas de CO2 por ano, se comparado ao transporte ferroviário, por exemplo.

No caminho da descarbonização, a operação mais intensa em uso de energia na Hydro é a refinaria de bauxita. Mas não é por isso que a companhia não se preocupa com a questão também na área da mina: “temos muitos equipamentos utilizando óleo combustível para movimentação de minério e várias iniciativas estão em curso para mudar essa realidade, desde a mudança do tamanho dos caminhões, mudança de equipamentos como Draglines, primarização do Tailings Dry Backfill, introdução de caminhões elétricos/GNV, microfragmentação da bauxita e a troca da frota de veículos pequenos para elétricos, propostas que têm mudado o mindset de todas as pessoas da operação para a orientação da descarbonização”, informa Neves.

Hoje a Hydro Paragominas emite 0,008 t CO2/t de bauxita produzida e a meta é reduzir em 50% esse volume de emissões relacionadas à mineração em 2030. Olhando para a refinaria, a escala é outra: 4,1 Mt/ano. Neves ressalta que a refinaria da Hydro Alunorte é termicamente eficiente e que enquanto a média atual da indústria é de 1.33 t CO2 por tonelada de alumina produzida, na companhia esse valor era de 0,66 t CO2/t A, isso em 2017 – ou seja, 50% menos que a média de emissão das outras indústrias.

Mas, se a empresa já está bem à frente, então por que descarbonizar? – “por causa do compromisso de controlar a elevação da temperatura global”, justifica Neves, salientando que toda contribuição é bem-vinda neste caso. Até o final de 2024 a companhia trabalha para reduzir as emissões de suas operações em 32%, caindo assim de 0,66 para 0,45 t CO2/t A.

Para tanto, a Hydro investiu em melhorias do processo produtivo que permitiram redução térmica de 15% a 20%, como a instalação de uma caldeira elétrica piloto. Ao final de 2024 mais duas caldeiras elétricas – em fase de construção – deverão estar em operação. Juntas, elas irão reduzir 550 mil toneladas de carbono por ano, um investimento de R$ 318 milhões. Aliás, segundo salienta Neves, trata-se das maiores caldeiras elétricas do mundo em operação.

Outro grande projeto para atingir a redução de 32% é a introdução do gás natural, um investimento de R$ 1,3 bilhão. “Nosso processo é intensivo em termos de energia, mas a base da nossa matriz ainda era em cima do óleo BPF e do carvão. Estamos fazendo a conversão de todos os nossos equipamentos para gás natural – num total de 13 equipamentos”, explica Neves.

Até o final deste ano a Hydro irá atingir um marco importante rumo à descarbonização, mas sua jornada não para aí. Outras iniciativas estão em curso, como a biomassa para substituição do carvão e o desenvolvimento de mais caldeiras elétricas para chegar, em 2030, a uma redução de 70% das emissões. Entre 2030 e 2050, a intenção é zerar as emissões de carbono e vários trabalhos estão em estágio avançado em termos de pesquisa, como o próprio biogás, o hidrogênio e eletrificação dos calcinadores.

O projeto do gás natural já é realidade em Barcarena (PA), conforme reforça Neves: “já substituímos o óleo por gás natural em sete calcinadores e seis caldeiras, reduzindo assim 700kt CO2E que, em complemento com as caldeiras, totaliza uma redução de 1.3 milhão de toneladas de CO2 já ao final de 2024”.

O VP da Hydro relata que como não havia gás disponível no Pará, a companhia partiu em busca de um parceiro para viabilizar esse projeto, tendo como garantia a certeza de grande consumo por muitos anos. O contrato com duração de 20 anos foi assinado com a New Fortress Energy, que montou uma unidade industrial de regaseificação dentro de um navio ancorado em Vila do Conde. O processo de conversão dos equipamentos teve início em abril passado. Dessa forma, todo o processo de calcinação e parte da geração de vapor da refinaria passou do óleo combustível para o gás natural como fonte de energia – ações que permitirão à Hydro a produção de um alumínio de baixo carbono.

Para alimentar suas operações na mina e refinaria, inclusive as caldeiras elétricas, a Hydro investiu em dois projetos através de seu braço de energia (Hydro Rein): Ventos de São Zacarias, na Serra do Araripe, entre os municípios de Piauí e Pernambuco, em processo de construção e que entrará em operação em novembro de 2024; e Mendubim, de energia solar no Rio Grande do Norte, em operação desde abril último.

A segunda jornada se dará em 2030, quando a companhia pretende reduzir 70% das suas emissões locais. Para tanto, a empresa vem trabalhando em parceria com a academia e um dos projetos em desenvolvimento com a Universidade Federal do Pará é o uso do caroço do açaí – de grande potencial calorífico – que, de rejeito, passará a combustível para a Hydro, em substituição ao carvão. A empresa se prepara para queimar 70 mil toneladas de caroço de açaí, volume suficiente para garantir a operação de uma das suas três caldeiras, caso o projeto alcance os níveis desejados. Para 2030, a empresa está desenvolvendo também projetos de calcinadores elétricos – “nessa trajetória, acreditamos que o mercado irá reconhecer os produtos de alumínio com emissões zeradas. Estamos na vanguarda de tecnologias cada vez mais limpas, um compromisso com a Amazônia”, finaliza Neves.

 

Por Mara Fornari