Board da Fortescue aprova investimentos de R$ 30 bilhões

01/12/2024
A empresa já conseguiu aprovação do projeto para instalar sua primeira planta na Zona de Processamento de Exportação do Complexo do Pecém, no Ceará, para a qual estão previstos investimentos da ordem de R$ 20 bilhões.

 

A Fortescue, quarta maior produtora de minério de ferro do mundo, já recebeu aprovação do board para investir US$ 6 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) em um plano que visa alcançar emissões líquidas zero até 2030, em suas operações de minério de ferro na Austrália, abandonando os combustíveis fósseis. Foi o que informou Luís Viga, Country Manager da empresa no Brasil, durante o seminário de Energia, Mineração e Transição Energética, promovido pelo escritório Caputo, Bastos e Serra, no dia 28 de novembro, no espaço AYA, em São Paulo. 

Ele disse que, no Brasil, a empresa deve investir R$ 20 bilhões para instalar sua primeira planta de Hidrogênio Verde, no Porto do Pecém, no Ceará. O projeto já está licenciado e será “uma das maiores plantas de H2V do mundo, com uso de 1,2 gigawatt (GW) de energia renovável para produzir 900 mil toneladas de amônia verde ao ano e geração de até cinco mil empregos no pico da implementação”.

Viga informou que a Fortescue, que era uma pequena empresa há 20 anos, tornou-se a quarta maior mineradora de ferro do mundo, operando com minério australiano, que em termos de qualidade não é tão bom quanto o da Vale, por exemplo. “Hoje a Fortescue é uma das empresas mais rentáveis do mundo, em termos de mineração e conseguimos isso porque encontramos uma maneira eficiente de produzir minério”, disse. 

Ele explicou que a empresa ingressou no negócio de Hidrogênio Verde porque enxergou que a mineração precisa ser sustentável. Por isso o board aprovou o investimento de R$ 30 bilhões para promover a descarbonização nos escopos 1 e 2 até 2030. “A Fortescue vai ser a primeira empresa do mundo, em sua escala, a descarbonizar. É na parte de descarbonização que entra o hidrogênio verde, que basicamente é água e energia renovável. Alguém pode dizer que no Nordeste não tem água, mas lembro que existe a água de esgoto. O hidrogênio verde pode ser feito de água de esgoto e também com água de dessalinização”, argumenta o executivo. Ele acrescenta que, antes de decidir investir em hidrogênio verde no Brasil, a Fortescue olhou mais de 100 países e, dos cinco projetos  a serem implantados pela empresa, dois estarão no Brasil. E o projeto do Pecém é o principal deles. 

Viga observa que um obstáculo para um maior desenvolvimento da produção de hidrogênio verde no Brasil é a transmissão de energia. “Se não fizermos rápido a infraestrutura de transmissão, perderemos o hidrogênio e vai ser um vôo de galinha”, pondera. 

Ele também defende que o setor precisa de apoio governamental, por ser uma indústria nova e que, embora hoje seja mais cara, os estudos mostram que a partir de 2030/2035 já haverá hidrogênio verde ao mesmo preço do hidrogênio cinza, que é 12 vezes mais poluente em termos de pegada de carbono. “Teremos um produto prêmio produzido no Brasil ao preço mais competitivo do mundo. E o hidrogênio verde traz toda uma cadeia de neo-industrialização para o Brasil, porque poderemos produzir fertilizante, briquete de minério de ferro, que se viabilizam por termos insumo barato. O resto do mundo vai começar a investir aqui”, diz o dirigente da Fortescue no Brasil, acrescentando que não haverá canibalização da indústria, porque o hidrogênio verde vai aglomerar e trazer mais coisas. “Vamos precisar muito de baterias, porque o sistema elétrico renovável é intermitente e também de muita transmissão elétrica”, finaliza. (Por Francisco Alves)