A Amazônia se transforma, para o bem ou para o mal?

25/08/2023
Texto extraído da Palestra Magna apresentada no 45º. Congresso Brasileiro de Geologia, realizado em Belém, em setembro de 2010.

Breno Augusto dos Santos

A partir dos anos 1960, começaram as grandes transformações na Amazônia. E como era a Amazônia nessa época, tanto na floresta quanto nas cidades? Ainda havia seringueira na região, muitas tribos tinham pouco contato com as nossas comunidades e as cidades eram pequenas: dificilmente havia uma cidade com mais de 10 mil habitantes. Este era o caso de Macapá, Santarém, Oriximiná, Manaus e Belém.

O que havia em termos de geologia e mineração? Havia garimpos de cassiterita em Rondônia, de diamantes em Roraima, de ouro no Tapajós – que estava começando – e garimpos remanescentes na região do Gurupi e no Amapá. Na época, havia apenas uma mina, que era considerada enorme, mas que nos padrões de hoje seria considerada pequena, que era Serra do Navio. E Havia também a segunda cidade-empresa (a primeira foi Fordlândia), em Serra do Navio, já que a Icomi seguiu o modelo da Fordlândia. A vila era um enclave dentro da floresta, voltada unicamente para a mineração.

A partir de meados da década de 1960, começaram algumas transformações, tanto em nível governamental quanto empresarial. O governo militar deu condições para que houvesse investimentos nessa área, muitas empresas multinacionais entraram na Amazônia nesse período e as maiores descobertas surgiram no final da década de 1960 e início da década de 1970. Para isso, houve uma grande contribuição do helicóptero, porque até então os trabalhos de grandes pesquisadores do passado e alguns trabalhos do governo se limitavam à calha dos grandes rios. A entrada do helicóptero gerou uma transformação muito grande, permitindo atingir áreas antes desconhecidas. E surgiram os dois primeiros grandes projetos da Amazônia: o projeto Jari, que originalmente era apenas para produção de celulose – mas que descobriu uma jazida de caulim e tornou-se a primeira mineração depois da Icomi – e a mina de Trombetas, de grande porte, que surgiu também no final da década de 1970.

Nessa época, a garimpagem foi sensivelmente ampliada na região, principalmente no Tapajós. Surgiram também garimpos de ouro no sudeste do Pará, e nessa corrida de ouro na região surgiu o garimpo mais famoso, com muitas controvérsias até hoje, que foi Serra Pelada. No período de cinco anos, tiraram de Serra Pelada cerca de 60 toneladas de ouro e restou depois disso um buraco cheio d’água. Esse garimpo foi artificial, porque terminou em 1981 mas, como quem gerenciava era o governo federal, através do SNI (Serviço Nacional de Informações), houve uma ordem do então presidente Figueiredo (João Batista Figueiredo) para que o garimpo continuasse. Foi, então, contratada uma empresa de terraplenagem, que rebaixou totalmente o garimpo, para serem colocadas bombas, e o garimpo continuou por mais três anos.

Os grandes projetos de mineração

A partir da década de 1980, surgiram os grandes projetos de mineração, começando por Carajás. E de lá para cá surgiuuma infinidade de minas, tornando o Pará realmente um estado muito importante na produção mineral brasileira.

Em função existência de bauxita, foi construída a hidrelétrica de Tucuruí, o estado do Pará foi eletrificado, surgiram as usinas eletrointensivas. Também surgiram várias minas, começando pelas de ferro de Carajás, manganês do Azul, ouro de Igarapé Bahia, caulim do Rio Capim (já na década de 1990), cobre de Sossego e Salobo, níquel de Onça-Puma. E surgiu também o petróleo-gás de Urucu.

Veja a matéria completa na edição 432 de Brasil Mineral