Exportações despencam 72% em junho

13/07/2022
No primeiro semestre de 2022, as vendas externas de sucata ferrosa somaram 231.498 toneladas, um aumento de 28%.

 

Segundo dados do Ministério da Economia (Secex), as exportações de sucata ferrosa alcançaram 12.830 toneladas em junho, uma queda 72% superior na comparação com o mesmo mês de 2021, quando atingiram 45.641 toneladas. No primeiro semestre de 2022, as vendas externas de sucata ferrosa somaram 231.498 toneladas, um aumento de 28% em relação às 180.695 toneladas referentes ao mesmo período de 2021. 

O Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), entidade que representa mais de 5,6 mil processadores de recicláveis, diz que as exportações caíram por causa de uma maior oferta do insumo usado na composição de aço no exterior, o que reduziu a demanda pela sucata brasileira. Além do produto internacional, “o setor decidiu se voltar mais para o mercado interno, sendo sempre prioridade das processadoras”, afirmou o presidente do Inesfa, Clineu Alvarenga. As empresas de sucata ferrosa tradicionalmente comercializam no mercado interno mais de 90% do volume, só vendendo externamente o excedente não consumido no Brasil, para garantir a sobrevivência do setor em momentos de baixa na demanda local.

Após um período de alta nos valores, desde junho há um corte de preços pagos pelas usinas siderúrgicas. “Em abril e maio, os valores estavam fora da realidade e agora estão se adequando a um novo cenário”, diz Alvarenga. Um consultor do segmento informou à S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, que não há uma tendência muita clara de valores em todos os tipos de sucata. "As pessoas não assimilaram muito a primeira queda, que não foi muito homogênea: parte no tipo industrial, parte na sucata de obsolescência; cada comprador adaptou [os valores] de acordo com seu negócio".

Setor luta por isenção do PIS/Cofins

Alvarenga comenta que o Inesfa está empenhado em obter a isenção do PIS e Cofins na venda de insumos recicláveis à indústria de transformação. Para isso se tornar viável, a Frente Parlamentar dos Recicladores do Brasil quer que o Congresso aprove o Projeto de Lei nº 4035/2021, de autoria do deputado federal Vinícius Carvalho (Republicanos-SP), que isenta o PIS e Cofins nas operações de venda de insumos recicláveis. A Frente já tem o apoio de 210 deputados federais. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão plenária, retomou a incidência do PIS e Cofins na venda de materiais recicláveis, derrubando o incentivo conhecido como a Lei do Bem (11.196/2005), que existia há 15 anos. A decisão ainda é questionada na Justiça e representa hoje a maior preocupação dos recicladores. 

Alvarenga diz que a medida “é um grande desestimulo à atividade, que poderá sofrer enorme baque caso o imposto volte a ser cobrado”. Além do ferro e aço, o Inesfa representa os recicladores de vidro, papel, eletrônicos, entre outros, atividades compostas por mais de cinco milhões de pessoas, que vivem da coleta e destinação adequada de recicláveis.

Direto da Fonte