Qual a participação da mineração na geração de empregos no Pará?

28/08/2023
Artigo por Maria Amélia Enríquez

Com base nos indicadores da Agência Nacional de Mineração (ANM), que não contabiliza os minerais energéticos, o estado do Pará é o principal estado minerador da Amazônia Legal (AML), respondendo por 97% do Valor da Produção Mineral (VPM), seguido pelo Mato Grosso (1%) e Rondônia (1%), os demais estados respondem juntos pelo restante 1%. Considerando-se o petróleo e gás, o Amazonas responderia por volta de 5%, o que não muda significativamente a proporcionalidade da distribuição do VPM regional.

Um dos maiores benefícios da mineração formal da AML é a geração de divisas, essencial para o equilíbrio das contas externa do Brasil. Em 2021, a região exportou US$ 27,5 bilhões em minérios. Esses bens representaram 45% das exportações da AML (87% no caso do estado do Pará); o equivalente a 43% das exportações de bens minerais do Brasil. Apenas o minério de ferro responde da AML por 50% das exportações brasileiras dessa substância, e representa quase 10% do total das exportações do país. Esse volume de exportações é maior que o PIB dos 100 países que estão na faixa inferior dentre os 216 enumerados pela ONU, o equivalente ao PIB da Islândia.

A mineração é uma atividade intensiva em capital e, por decorrência, poupadora de mão de obra, e no estado do Pará, o segundo maior estado minerador do Brasil, essa característica é muito mais marcante, conforme demonstram vários estudos (PEM-2030, 20141 ; Enriquez & Ferraz, 20212 ) e, com o acelerado avanço da tecnologia, o emprego gerado por unidade de produção é cada vez menor.

Em termos nacionais o setor extrativo mineral contribui com apenas 0,5% dos empregos formais do país3 . No caso do Pará, essa proporção é de 3,1% (segundo os dados da RAIS para o ano de 20214 ), percentual que dobou em duas décadas, já que em 2000, representava apenas 1,6%, em que pese o valor da produção mineral (VPM) ter aumentado 14 vezes nesse período, passando de US$ 1,3 para aproximadamente US$ 19 bilhões.

Quando o emprego mineral é associado ao VPM, comparativamente aos estados brasileiros, fica evidente a desproporcionalidade dessa relação para o estado do Pará.

Em 2019, apesar de o Pará ter superado Minas Gerais em VPM, o emprego mineral gerado em MG foi três vezes maior. A relação VPM por 100 empregos gerados, que é uma medida de produtividade do trabalho, isto é que mostra o resultado da produção a partir do emprego de uma unidade de mão de obra, ficou em R$ 256 milhões no Pará, e em R$ 68 milhões em MG. Isso significa que a produtividade do trabalho da mineração no Pará é quatro vezes maior que em Minas Gerais e é a maior entre todos os estados que tem atividade mineral no Brasil.

Veja o artigo completo na edição 432 de Brasil Mineral