BARRAGEM DE BRUMADINHO

Vale nega aumento do nível de água

14/02/2019

 

A Vale informa que peritos da IBPTech, de São Paulo, apresentaram laudo no dia 12 de fevereiro onde confirmam que não houve elevação no nível de água na Barragem I, da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Segundo o estudo houve diminuição gradual ao longo de 2018 e início de 2019. Em coletiva na sede da Vale, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani Pires, e o gerente-executivo de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão, Lúcio Cavalli, apresentaram os resultados do estudo e informações técnicas detalhadas do monitoramento da barragem.
 
"Contratamos um novo painel de especialistas independentes dos Estados Unidos, da Austrália e do Canadá, para ajudar na apuração dos fatos. Mas podemos dizer que a narrativa sobre o aumento dos níveis de água da Barragem I e de que o alarme de emergência poderia ter sido acionado previamente à ruptura não se sustenta diante dos fatos apresentados", disse Siani. O laudo da empresa paulista – de 9 de fevereiro de 2019 – mostra que a Vale tomou conhecimento no dia 21 de janeiro de que medições de 4 de 46 piezômetros automatizados - equipamentos que medem a pressão da água - tiveram problemas de configuração. A questão foi corrigida e, segundo o laudo, as informações dos 46 piezômetros estavam corretas. Ou seja, tratou-se apenas de uma leitura equivocada dos dados.
 
"Os piezômetros monitoram a saúde de uma barragem. No caso da Barragem I, eles vinham, ao longo do tempo, mostrando que o nível de água estava caindo dentro da estrutura, o que foi registrado no relatório da empresa TÜV SÜD, em setembro de 2018. Por conta disso, o relatório certificou que a Barragem I se encontrava estável, com o seu fator de segurança acima do recomendado pela legislação", afirmou Cavalli.
 
Leitura de equipamentos
 
Segundo publicado no site Terra, o laudo apresentado pela Vale no dia 12 de fevereiro sobre o funcionamento dos piezômetros da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, mostra que a barragem estava sem leituras dos equipamentos para o mês de janeiro. O relatório conta com uma série de troca de e-mails no dia 24 de janeiro, um dia antes do acidente, sobre o funcionamento dos sensores usados para medir a pressão da água nas barragens. 
 
Nos e-mails, o engenheiro geotécnico da Vale, Helio Marcio Lopes de Cerqueira, alertava para que fosse dada prioridade ao assunto. "Ainda estamos sem leitura para prosseguir com o monitoramento desta barragem alteada à montante. Priorizar isso! Se não encontrarem a falha me ligar no celular. Precisamos resolver isso rápido", afirma, em mensagem do dia 24, às 13h32.
 
Às 15h47, o fornecedor da Tecwise informa que precisa analisar o programa de coleta de dados dos sensores e que agendaria uma visita ao local para sanar o problema. Na troca de mensagens, Cerqueira pedia para que a visita ocorresse no dia seguinte, 25 de janeiro (data do rompimento da barragem). "Ainda não temos leituras para o mês de janeiro/19 para as barragens I, Vargem Grande e B3/B4, e só teremos cinco dias úteis até a virada do mês. O risco de multa do DNPM (antigo nome da Agência Nacional de Mineração) é muitíssimo alto", escreve Cerqueira ao fornecedor. 
 
Mesmo com a troca de e-mail, o gerente-executivo de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão da Vale, Lúcio Cavalli, afirmou que os problemas com cinco piezômetros não causaram a tragédia. Segundo Cavalli, o laudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática atestou que os problemas dos piezômetros foram reparados antes do rompimento da barragem. "Não houve erro de leitura dos piezômetros, mas de configuração de placa. Se as informações (dos piezômetros) estivessem corretas, a barragem teria água jorrando", disse.