MINÉRIO DE FERRO

Vale investe em processamento a seco

15/05/2019

 

A Vale estima investir mais R$ 11 bilhões nos próximos cinco anos em instalações de processamento a seco de minério. Hoje, cerca de 60% da produção da Vale ocorre a seco e a meta é chegar a até 70%. 
 
A companhia informa que investiu quase R$ 66 bilhões para instalar ampliar o uso de processamento a seco do minério de ferro produzido em suas operações no Brasil nos últimos dez anos. Por não utilizar água no processo, o método não gera rejeito e não necessita de barragens. O método de processamento a seco já é aplicado nas minas de Carajás, Serra Leste e Complexo S11D Eliezer Batista, no Pará, e em diversas plantas em Minas Gerais. Na região Norte a Vale produziu aproximadamente 80% de quase 200 milhões de toneladas através de processamento a seco em 2018. A principal usina de Carajás, a Usina 1, está em processo de conversão para umidade natural (processamento a seco): das 17 linhas de processamento da planta, 11 já são a seco e as seis linhas a úmido restantes serão convertidas até 2022. As plantas de tratamento de Serra Leste, em Curionópolis, e do S11D, em Canaã dos Carajás, também não utilizam água no tratamento do minério. O S11D conseguiu reduzir em 93% o consumo de água quando comparado com um projeto convencional de produção de minério de ferro. A economia de água equivale ao abastecimento anual de uma cidade de 400 mil habitantes. 
 
Já nas operações em Minas Gerais a Vale ampliou de 20% para 32% o processamento a seco entre 2016 e 2018. Entre as unidades que utilizam o método estão Brucutu, Alegria, Fábrica Nova, Fazendão, Abóboras, Mutuca, Pico e Fábrica. Para os próximos anos, o objetivo é empregá-lo em projetos como Apolo e Capanema, que atualmente encontram-se em fase de licenciamento ambiental. 
 
Para reduzir a utilização de barragens, a Vale estuda investir, entre 2020 e 2023, aproximadamente R$ 1,5 bilhão na implementação de tecnologia de empilhamento de rejeito a seco (dry stacking) em Minas Gerais. A técnica permite filtrar e reutilizar a água do rejeito e possibilita que este último seja empilhado, reduzindo, assim, o uso das barragens. O objetivo é alcançar até 70% do rejeito disposto nos próximos anos, contudo o sucesso depende do aprimoramento da tecnologia e de questões externas, como licenças ambientais. Atualmente não existe empilhamento a seco na escala de produção da Vale e em região com índices pluviométricos como os do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais. A tecnologia de empilhamento a seco disponível é usada em pequena escala no mundo - no máximo até 10 mil toneladas de rejeito produzida por dia - em regiões desérticas ou com baixa incidência de chuva. Em Minas Gerais, a escala de produção de rejeito da Vale está, em média, em 50 mil toneladas/dia por unidade. Em 2011, a empresa desenvolveu um projeto piloto na pilha Cianita, em Vargem Grande, com um investimento de R$ 100 milhões. Os estudos foram concluídos em 2018 e os técnicos avaliaram o comportamento geotécnico da pilha em condições chuvosas. Os próximos testes serão aplicados em escala industrial na mina do Pico, no município de Itabirito.
 
A Vale estuda também a concentração magnética a seco do minério de ferro com base na tecnologia desenvolvida pela New Steel. O método dispensa o uso de água no processo de concentração do minério de baixo teor, o que permite que o rejeito gerado seja disposto em pilhas como estéril, semelhante ao que ocorre no empilhamento a seco. Essa tecnologia, no entanto, está em fase de desenvolvimento industrial e ainda não está pronta para ser aplicada em larga escala.