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Vale amplia produção em Congonhas

17/08/2022
O material pode substituir a areia natural, extraída de leitos de rios, com larga aplicação no mercado de construção civil.

 

A Vale iniciou a produção em larga escala industrial de areia sustentável neste segundo semestre na mina Viga, em Congonhas (MG). A mina tem capacidade de processamento de 200 mil toneladas anuais de areia sustentável, com expectativa de produzir 80 mil toneladas ainda em 2022, chegando a 185 mil toneladas em 2023. 

A areia sustentável é obtida no tratamento dos rejeitos de minério de ferro e é uma das iniciativas da Vale para reduzir o uso de barragens nas operações em Minas Gerais. O material pode substituir a areia natural, extraída de leitos de rios, com larga aplicação no mercado de construção civil. “Devido às características geológicas da mina e à tecnologia de processamento mineral aplicada, desenvolvemos uma areia mais grossa, com baixa presença de partículas finas no material, e alto teor de pureza, tendo em sua composição entre 89% e 98% de sílica e menos de 7% de ferro”, explica Jean Menezes, gerente de operações da usina da mina Viga. A Vale já realiza testes com o insumo junto a produtores de concreto e argamassa da Região Sudeste, com escoamento feito via malha ferroviária entre os estados, aproveitando a logística existente no local.

A mina Viga é a segunda unidade da Vale a fabricar areia sustentável em escala industrial, seguindo os mesmos controles de qualidade da produção de minério de ferro. A primeira a produzir o insumo foi a mina Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, que processou 250 mil toneladas do material em 2021. A Vale estima produzir 1 milhão de toneladas da areia sustentável este ano, dobrando o volume em 2023. Cada tonelada de areia produzida representa uma tonelada a menos de rejeito sendo disposta em pilhas ou barragens. Outra iniciativa adotada pela Vale para a redução da dependência de barragens e que também favorece a produção de areia sustentável nas minas é o sistema de filtragem de rejeitos. A tecnologia reduz a umidade do rejeito, permitindo tanto o empilhamento a seco do material, como a fabricação de areia para o mercado. A mineradora implantou quatro plantas de filtragem de rejeitos em Minas Gerais, sendo uma no Complexo Vargem Grande (em 2021), duas no Complexo de Itabira (entre 2021 e 2022) e uma na Mina Brucutu (em 2022).

A Vale já investiu mais de R$ 50 milhões e estabeleceu parceria com mais de 40 organizações, entre universidades, centros de pesquisa e empresas nacionais e estrangeiras, para estudar aplicações para o material proveniente do processamento do minério de ferro. O objetivo é tornar as operações da Vale mais seguras e sustentáveis, promovendo a economia circular e beneficiando a sociedade. Em 2021, a Vale iniciou a comercialização da areia sustentável para uso em concretos, argamassas, pré-fabricados, artefatos, cimento e pavimentação rodoviária. Em março deste ano, a Vale inaugurou a primeira estrada do Brasil que utiliza em todas as quatro camadas do pavimento a areia sustentável da companhia. A pista de 425m de extensão na mina Cauê, em Itabira (MG), será monitorada por dois anos com 96 sensores de pressão, temperatura, deformação e umidade. Testes feitos durante cinco anos em laboratório apontaram que o aumento da vida útil é da ordem de 50% e a redução de custos de 20% quando comparado com materiais mais usados para construção de estradas, como a areia extraída do meio ambiente. Além disso, cada quilômetro de pavimento pode consumir até 7 mil toneladas de rejeito. Em abril de 2022, um estudo divulgado pela Universidade de Queensland (UQ), por meio de seu Instituto de Minerais Sustentáveis (SMI), a Universidade de Genebra (Unige) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) indicaram que a areia proveniente do processo de produção do minério de ferro, denominada “ore-sand”, pode contribuir para solucionar duas importantes questões ambientais ao reduzir tanto a extração de areia natural do meio ambiente como a geração de rejeitos de mineração. O estudo teve contribuição da Vale, que cedeu amostras da sua areia sustentável produzida na mina Brucutu (MG) para que as universidades fizessem uma análise independente do material. Os resultados indicaram que a areia extraída do processamento do minério de ferro não apresenta potencial tóxico e pode ser aplicada em pavimentos, concreto, vidro, dentre outras. Além disso, o estudo apontou que a areia da Vale poderá reduzir em 10 vezes as emissões de gases de efeito estufa se comparado com as areias provenientes de leito de rio.