BARRAGENS

Soluções alternativas para rejeitos

09/08/2018

 

Especialistas em mineração estão desenvolvendo estudos e projetos para tratamento e disposição de rejeitos minerais – subprodutos armazenados que podem vir a ser reprocessados em etapas posteriores da atividade industrial. Os pesquisadores avaliam técnicas que minimizem o uso de água (filtragem por exemplo); a transformação do material em pasta; o armazenamento em cavas, entre outras. Esses modelos de tratamento e disposição podem vir a ser alternativas e ou complementos ao papel desempenhado pelas barragens que utilizam água. 
 
Os especialistas defenderam que as barragens não podem ser demonizadas ou proibidas no Brasil, ainda mais que não é viável simplesmente substituí-las de uma hora para outra; são, por vezes, a solução ideal para a viabilidade econômica de uma operação mineral, seja no País ou em outra localidade pelo mundo. “Os países desenvolvidos e nossos concorrentes em mineração, como Canadá, Austrália e Chile, utilizam barragens para dispor os rejeitos minerais”, disse Paulo César Abrão, sócio-diretor da empresa Geoconsultoria. Segundo ele, no Brasil não há proibição para implantar barragens de rejeitos minerais, mas há enorme dificuldade para obter licenciamento para novas unidades.
 
Abrão participou da segunda parte do Workshop “Gestão de barragens de rejeitos de mineração”, no último dia do Congresso de Minas a Céu Aberto e Minas Subterrâneas (CBMINA), na UFMG, em Belo Horizonte (MG). O Congresso é realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) em parceria com a UFMG. Abrão lembrou que as barragens brasileiras não são apenas ligadas á mineração, pois há aquelas que comportam água, e, segundo ele, para estas, parece não haver restrição por parte da opinião pública, embora apresentem ocupações humanas bem próximas. Citou os casos das represas Guarapiranga e Billings, ambas em São Paulo, e Lake Mathews, em Los Angeles (EUA).
 
O professor Romero César Gomes, da Universidade Federal de Ouro Preto, defendeu que o termo “rejeito” não deveria ser utilizado pelo setor mineral. Afinal, o material se constitui em um “subproduto do processo industrial”. O professor defende que empresas que utilizem barragens possam realizar estudos técnicos com a finalidade de extrair o maior volume possível de água dessas estruturas, combinados com o uso de alternativas para dispor os subprodutos. Gomes citou exemplos de técnicas que podem ser adotadas, tais como o tratamento dos subprodutos por adensamento eletrocinético; a transformação em pasta; armazenamento em tubos geotêxteis (como no Canadá); disposição de rejeitos secos em baias de ressecamento; co-disposição e empilhamento drenado, como faz a companhia ArcellorMital que, segundo ele, não pretende mais construir barragens hidráulicas em suas operações minerais.