SUPERÍMÃS

Projeto do IPT tem primeiros resultados

17/05/2018

 

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas firmou, no final de 2016, uma parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) para produzir ligas didímio-ferro-boro, elemento essencial para a produção dos chamados superímãs ou imãs permanentes. Recentemente, as primeiras amostras de tiras ou flakes da liga foram obtidas em escala laboratorial, devido à aquisição de um equipamento único no Brasil. A máquina objetiva não somente a produção das tiras, como também o estudo de parâmetros de processo para que se obtenha a microestrutura ideal da liga.

O projeto de R$ 2,7 milhões, desenvolvido no âmbito da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), contou com R$ 500 mil da CBMM para o equipamento. O projeto consiste no resfriamento da liga líquida (NdFeBr) desde aproximadamente 1.450°C para rápida solidificação e obtenção de tiras metálicas cuja espessura e composição química têm efeito direto no bom desempenho do imã a ser produzido. “Em uma posterior fase de produção de superímãs, essas tiras serão moídas, e os grãos devem possuir parâmetros adequados de tamanho da fase magnética e distribuição de didímio em seu contorno”, explica João Batista Ferreira Neto, diretor de Centro de Tecnologia de Metalurgia e Materiais do IPT e coordenador do projeto.

Segundo o pesquisador, o objetivo do projeto, que termina em outubro de 2018, é o domínio do processo de obtenção de ligas otimizadas, que possam ser comparadas em termos de qualidade às importadas, atualmente únicas disponíveis para produção de superímãs. “O que estamos fazendo, na verdade, é o desenvolvimento de know-how de uma etapa importante da cadeia. Sem as ligas com microestrutura e composição adequada, não é possível produzir um bom ímã. Conhecendo os parâmetros, poderemos fazer a transferência de tecnologia para empresas que desejem produzir em escala industrial, com matéria-prima nacional, e assim poder concorrer com o quase monopólio chinês deste mercado”, aponta Ferreira Neto. O pesquisador explica ainda que os superímãs são produtos importantes para o fornecimento de indústrias de alto valor agregado. “A ideia é unir os elos no desenvolvimento de uma cadeia nacional de produção de superímãs. É um mercado que deve crescer acentuadamente nos próximos anos, alavancado por carros elétricos e por energias renováveis”, finaliza o pesquisador.