“O Brasil entra no mercado pelo tapete vermelho”

13/08/2022
“Hoje temos uma vantagem competitiva brutal, em função de podermos ter um lítio de valor agregado, ambiental e socialmente sustentável."

 

“O Brasil entra no mercado de lítio pelo tapete vermelho”. Foi o que afirmou Ana Cabral-Gardner, Co-CEO da Sigma Lithium, durante o Forum Brasileiro de Investimentos em Mineração, realizado pela Rede Investmining. A empresa está implantando um projeto no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões menos desenvolvidas – econômica e socialmente – do estado de Minas Gerais e a partir de 2023 poderá se tornar a terceira maior produtora mundial de lítio grau bateria. Atualmente, é o maior investidor no Vale do Jequitinhonha e 72% da sua força de trabalho é da região, 

“Hoje temos uma vantagem competitiva brutal, em função de podermos ter um lítio de valor agregado, ambiental e socialmente sustentável. Em razão disso, estamos conseguindo conquistar mercado à custa de produtores grandes, que já existiam há 10 ou 20 anos”, diz a executiva. 

Ana Cabral explica que a Sigma Lithium, que é listada na TSX (no Canadá) e Nasdaq (a bolsa americana de empresas de tecnologia) se tornou um líder global em ESG, tendo sido inclusive reconhecida na COP de 2019 e participado do diálogo de alto nível da ONU para transição energética, juntamente com a Vale. O projeto da Sigma, segundo Ana Cabral, é ambientalmente sustentável porque a planta não usa rejeitos químicos no processo de separação e purificação do lítio, não utiliza barragem de rejeitos e faz empilhamento a seco em um circuito que a empresa testou e desenvolveu. É a única empresa de lítio do mundo que empilha 100% dos rejeitos a seco, incluindo os ultrafinos, e toda a água é retirada e reutilizada, o que significa que 100% da água volta para o processo mineral. “Com essas características, bypassamos três elos da cadeia e temos como clientes os produtores de bateria, que por sua vez fazem o comissionamento do refino final do concentrado pré-químico em químico”. E os clientes de nossos clientes são as empresas que todos conhecem: Volkswagen, Tesla, Fiat, GM... A LG foi escolhida porque é ela que tem tecnologia flexível em termos de bateria. Assim, vendemos para todo mundo via LG”, comemora Ana Cabral. 

Ela explica que, no mercado do lítio, o Brasil terá que competir no fornecimento de produtos intermediários, porque “as fábricas de baterias têm que ficar ao lado da indústria automotiva, já que elas (as baterias) podem explodir e não se consegue seguro aéreo ou marítimo para transportá-las”. Assim, o objetivo é inserir o Brasil no midstream, “que é onde ocorre a grande criação de valor na cadeia, que vai do pré-químico até a pasta de catodo”. No caso da Sigma, segundo ela, a empresa podia ter optado por instalar a planta no Canadá, mas preferiu o Brasil, pelo propósito social. Porque no S (o Social do ESG), o impacto que conseguiu causar no Jequitinhonha “é exponencialmente maior do que se fosse em qualquer outro lugar do mundo”. 

A executiva elogiou as recentes mudanças efetuadas pelo governo na legislação sobre a comercialização do lítio. A legislação anterior exigia que as importações e importações de lítio fossem pré-autorizadas por uma comissão, o que foi revogado. E disse que “o ambiente regulatório de negócios está cada vez mais inserindo mais o Brasil no contexto mundial”, acrescentando que a incerteza, mais que o risco, afasta o investidor. E defende que, no mercado midstream do lítio, “o Brasil é imbatível”