BARÃO DE COCAIS

Medidas de emergência em Gongo Soco

23/05/2019

 

A Vale iniciou a terraplanagem para construção da contenção em concreto localizada a 6 km à jusante da Barragem Sul Superior, em Barão de Cocais. A estrutura irá reter grande parte do volume de rejeitos da Barragem Sul Superior em caso de rompimento. 
 
Além disso, a mineradora realiza atualmente intervenções de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. Estas medidas visam atuar como uma barreira física para reduzir a velocidade do avanço de uma possível mancha (no caso de rompimento) e, desta forma, conter o espalhamento do material a uma área mais restrita.
 
Com as medidas, a Vale pretende reduzir os impactos socioambientais no caso de rompimento da estrutura. Em função da intervenção, haverá um aumento na circulação de caminhões e equipamentos pela cidade com destino à mina de Gongo Soco, o que poderá causar eventuais transtornos ao trânsito.
 
A Vale mantém o monitoramento da barragem e talude norte da cava de Gongo Soco 24 horas por dia por meio de radar e estação robótica capazes de detectar movimentações milimétricas da estrutura, além de sobrevoos com drones. O videomonitoramento em tempo real ocorre na sala de controle Gongo Soco e no Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG). Quatro equipamento estão na sala em Gongo Soco e outros dois no CMG. 
 
Risco iminente
 
Segundo dados atuais de monitoramento pelo radar instalado na cava, há a possibilidade de deslizamento do talude norte da cava, que está a 1,5 km da Barragem Sul Superior. A mina de Gongo Soco está paralisada desde 2016, mas a Vale reforça o nível de alerta de prontidão para o caso extremo de rompimento. A Barragem Sul Superior está em nível 3 desde 22 de março de 2019 e está inativa desde 2008. A barragem tem 6 milhões de m³ de água e sedimentos. Já foram realizados três simulados desde março nas cidades da Zona de Segurança Secundária (ZSS). 
 
Para ANM, talude vai se romper
 
A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou e suspendeu as atividades do complexo minerário Gongo Soco, no município de Barão de Cocais (MG) no último dia 17 de maio. “O talude da cava vai se romper com a gravidade, isso é um fato. O que estamos fazendo agora é minimizando os riscos, evitando que pessoas transitem dentro da cava ou que sejam atingidas”, diz o diretor da ANM, Eduardo Leão. 
 
O talude norte da cava de Gongo Soco, segundo a Vale, se movimenta de 6 a 10 cm por dia. Se continuar neste ritmo, o rompimento do talude é previsto para acontecer ainda nesta semana (até o dia 25 de maio). “A chance da ruptura do talude afetar a barragem é entre 10% e 15%”, disse o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira. A onda de rejeitos pode devastar as comunidades Socorro e Tabuleiro, que estão na zona de autossalvamento. Segundo a Vale, 458 moradores já foram retirados de suas casas desde fevereiro. Outras seis mil pessoas estão em imóveis dentro de uma zona secundária na cidade de Barão de Cocais e têm cerca de uma hora e doze minutos para deixarem o local caso haja rompimento.
 
“É bom lembrar que o que corre risco de rompimento é o talude da cava e não a barragem, que fica a 1,5 km de distância da cava. O risco é que a vibração gerada pelo rompimento do talude seja gatilho e influencie na segurança da Barragem Sul Superior. Mas isso não se tem como prever”, explica Wagner Nascimento, chefe da Divisão de Segurança de Barragens de Mineração da ANM. Caso a vibração do impacto não chegue à barragem, a estrutura se manterá na condição atual, mas há a possibilidade da ruptura ser restrita ao interior da cava e não extravasar o material dentro dela (água e sedimentos). Se a barragem se rompesse, a onda de inundação chegaria em Barão de Cocais em cerca uma hora. 
 
A mina de Gongo Soco foi construída pelo método ‘alteamento a montante’, o mesmo utilizado nas barragens de Mariana e Brumadinho, com acidentes em novembro de 2015 e janeiro de 2019, respectivamente.