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ESG e descarbonização no caminho das mineradoras

27/05/2022
Estudo foi desenvolvido a partir de informações coletadas em março com executivos das dez principais mineradoras atuantes no Brasil.

 

Segundo levantamento “Riscos e Oportunidades de Negócios em Mineração e Metais no Brasil” da empresa de consultoria EY, desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o ESG, a descarbonização e a licença para operar estão entre as principais preocupações das mineradoras brasileiras. O estudo é uma adaptação do material global desenvolvido anualmente pela EY, a partir de informações coletadas em março com executivos das dez principais mineradoras atuantes no Brasil. O estudo visa mostrar o caminho que o Brasil deverá seguir para se manter relevante na cadeia global de mineração e metais, de modo que a geração de valor decorrente possa contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

As informações coletadas mostram que o ESG ficou mais presente na agenda das mineradoras com o avanço da pandemia COVID-19 e que o setor mineral incrementou a presença da sigla em seu core business. E repetindo o cenário de 2021, as oportunidades superam os riscos previstos para o setor neste ano. Em 2021, o setor faturou R$ 339 bilhões - equivalente a um crescimento de 62% em relação a 2020, impulsionado pelo aumento dos preços das commodities no mercado global e de 7% no volume de minério produzido.

Entre os executivos consultados, a opinião mais comum é a de que o setor precisa se esforçar mais em prol de melhorias de imagem ou reputação e na forma como vem se comunicando. Isto porque ainda há muita resistência e desconhecimento de grande parte da população -- principalmente nas comunidades locais onde as mineradoras operam - sobre o que a atividade representa para o país, como funciona a gestão dos impactos ambientais e que tipo de benefícios ela traz para a sociedade. “O desafio ambiental tornou-se mais evidente nos últimos anos, gerando uma postura mais rígida das mineradoras, que ainda têm muito trabalho a fazer em termos de descomissionamento de barragens alteadas a montante, além de profundas mudanças no campo regulatório relativo a essa gestão e operação. As informações apontadas no estudo deixam evidente que os projetos de extração têm de evoluir para minimizar cada vez mais os riscos associados ao meio ambiente”, diz o sócio-líder de Mineração e Metais da EY na América do Sul, Afonso Sartorio. “A mineração representada pelo IBRAM está plenamente engajada com a agenda ESG global. Ao falarmos em ESG em nosso setor, estamos tratando de iniciativas muito concretas, com metas, ações e métricas que podem ser acompanhadas por toda a sociedade: usar menos água; priorizar recursos renováveis para gerar energia; respeitar e ouvir as comunidades; preservar o meio ambiente; desenvolver excelência em governança e em segurança operacional, entre outros pontos”, diz o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann.

Os executivos do setor também apontaram os principais temas que precisam estar presentes na pauta de discussões com o governo. Entre eles estão o impacto da carga tributária sobre a indústria da mineração (55%), a atração de investimentos estrangeiros (30%), a precificação do carbono (30%) e a mudança nas leis para acelerar a conceção de licenças (25%).

O estudo mostra que as oportunidades continuarão a superar os riscos na mineração em 2022, enquanto a disrupção contínua nas áreas social, tecnológica, política e econômica também induz a mudanças no setor. Em relação às questões ESG, o impacto social é o ponto mais crítico e deverá estar na mira dos investidores em 2022, uma vez que muitos projetos de extração se encontram em áreas de baixa renda e pouco acesso aos serviços públicos. 

A biodiversidade foi apontada como segundo ponto de maior preocupação na agenda dos executivos brasileiros da mineração, empatado com as questões ligadas à descarbonização, atualmente um grande fator de disrupção no setor, com riscos e oportunidades. 

Embora o Brasil tenha uma matriz energética predominantemente renovável e baixa contribuição de emissões no âmbito global, a descarbonização deve ser analisada levando em conta os acordos firmados durante a COP-21. O Brasil precisará estar atento às oportunidades geradas pela economia de baixo carbono, baseadas na existência de um conjunto de minerais com potencial de alta -- como níquel, titânio, cobre e lítio -- e diversificada demanda no cenário de transição energética, decorrentes, por exemplo, do avanço dos carros elétricos e das usinas eólicas. Ao mesmo tempo, as mineradoras precisarão responder de forma adequada à pressão dos acionistas para cumprir as metas climáticas.

Por fim, o estudo mostra que para obtenção de uma licença a empresa mineradora terá o cenário cada vez mais complexo. Além da necessidade de atender às exigências do governo, será necessário incluir as demandas de investidores, da sociedade civil e das comunidades próximas às minas. Planejamento será fundamental e a implantação de uma série de ações que envolvam todos esses atores, com a meta de deixar um legado positivo para cada região que receba um empreendimento mineral, além da geração de valor de longo prazo.